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Comportamento

Todo dia Nabi toma café no túmulo da mãe dos seus filhos

E avó dos netos, que ganham dois beijos quando veem o avô: "um meu e outro dela"

Por Cassia Modena e Murilo Medeiros | 11/05/2025 13:45
Todo dia Nabi toma café no túmulo da mãe dos seus filhos
A conversa de Nabi com a esposa no cemitério Santo Amaro é retrato comovente neste Dia das Mães (Foto: Henrique Kawaminami)

O aposentado Nabi Silva, 74, ainda não se acostumou a viver sem a esposa que partiu há nove anos e quase cinco meses. Inconsolável, todos os dias ele vai ao cemitério Santo Amaro, em Campo Grande, e reproduz uma cena do cotidiano do casal.

RESUMO

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Há nove anos e cinco meses, Nabi Silva, de 74 anos, visita diariamente o túmulo de sua esposa no cemitério Santo Amaro, em Campo Grande. Ele leva café, frutas e flores, compartilhando momentos e conversas como se ela ainda estivesse presente. A saudade é ainda mais forte no Dia das Mães, data que sempre celebravam juntos. Nabi demonstra seu amor pelos netos com dois beijos, um seu e outro representando o carinho da avó falecida. Casados por 43 anos, ele recorda o amor, respeito e dedicação que marcaram a relação. A esposa faleceu devido a uma infecção generalizada, deixando uma lacuna imensa em sua vida. Apesar da dor, Nabi encontra conforto na esperança de um reencontro.

"Converso com ela, bato um papo, desabafo. Trago café pra gente beber, frutas pra comer. Dizem que é inútil, mas eu não acho inútil. Enquanto eu estiver vivo, vou continuar vindo aqui", afirma.

Outra coisa que ele faz é encher o túmulo de flores. A cada seis meses, gasta R$ 500 tirados da aposentadoria para enfeitá-lo.

Impossível não se comover ao ver Nabi sentado sobre a sepultura, cercado das plantas, segurando o rosto triste com a mão, neste Dia das Mães (11).

Todo dia Nabi toma café no túmulo da mãe dos seus filhos
Mesmo após 9 anos da partida da esposa, Nabi chora ao falar dela (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele também se comove. Chora ao falar da falta que faz a presença da mãe de seus filhos e avó de seus netos.

"Hoje dá mais saudade porque a gente passava o Dia das Mães juntos. Teria um churrasco, mas infelizmente não é possível", lamenta.

O avô achou um jeito de transmitir o carinho que a esposa daria aos netos se ainda estivesse viva.

"Quando vou beijar meu netinho, dou dois beijos: um meu e um dela. Minha outra neta tem 16 anos, todo dia que acorda cedo me pede a bênção e dois beijos. De um lado é o meu e do outro lado é o da avó. Amor de avó é amor de mãe também. Eu amo meus netos mais que antes, porque amo pelos dois. Ela amava demais eles", fala.

Todo dia Nabi toma café no túmulo da mãe dos seus filhos
Cartaz no cemitério ajuda a conforta visitantes; Nabi está ao fundo, de verde (Foto: Henrique Kawaminami)

A perda - Nabi ficou casado com a esposa por 43 anos. Ela morreu com infecção generalizada. Foi de repente. Sentiu uma dor forte na perna, ficou internada num hospital por alguns dias e não resistiu.

"Ela era linda, tinha olhos azuis. Uma pessoa maravilhosa que não guardava ódio de ninguém. Cuidava de mim. Foi uma vida de muito respeito, carinho, amor, dedicação e afeto. Hoje em dia as pessoas casam por interesse, por dinheiro, por sexo. Já nós casamos por amor de verdade. Foram 43 anos sem briga", se recorda.

Os filhos também vão visitar a mãe nas datas especiais, mas só o marido vem sempre. "De carro, bicicleta, do que for. Não consigo me separar dela", reforça.

Todo dia Nabi toma café no túmulo da mãe dos seus filhos
Cachorro passeia no cemitério enquanto idoso conversa com memória da esposa (Foto: Henrique Kawaminami)

A dor não passa por nada, segundo Nabi. O que dá alívio é acreditar que um reencontro é possível.

"Se ela estiver vendo isso, está feliz porque sabe que eu não esqueci dela. Acho que onde ela estiver, está me esperando. Quando casamos, fizemos um juramento de que só a morte poderia separar, mas nem a morte foi capaz de separar. Estamos separados de corpo, mas de alma não. Nós vamos nos encontrar com certeza, se Deus quiser, porque a nossa união é muito forte", planeja.

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