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Comportamento

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões

De evento simples a símbolo sertanejo, festa em Arapuá mantém viva tradição e identidade sul-mato-grossense

Por Clayton Neves | 14/10/2025 07:33
Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Som do berrante e desfile de comitivas mudam o cenário de Três Lagoas uma vez por ano. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)
Há 20 anos, um desfile de comitivas a cavalo transforma o pequeno distrito de Arapuá, em Três Lagoas, num retrato vivo da cultura sertaneja. Criada em 2005 por Ângelo Guerreiro, a Cavalgada de Arapuá nasceu simples, com poucos participantes e muito improviso, mas se tornou um dos eventos mais tradicionais do interior de Mato Grosso do Sul, e um símbolo de resistência, devoção e amor à vida no campo.


RESUMO

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A Cavalgada de Arapuá, em Três Lagoas (MS), celebra 20 anos de tradição sertaneja. Criada em 2005 por Ângelo Guerreiro, a festividade começou modesta e hoje atrai mais de 11 mil pessoas, incluindo comitivas de diversas cidades do Mato Grosso do Sul e São Paulo. O evento, que integra o Calendário Oficial de Eventos do estado desde 2022, mantém suas raízes na culinária tradicional, preparada na véspera, e nos desfiles de comitivas que já reuniram até 2.400 cavaleiros. A celebração tornou-se símbolo da cultura rural, inspirando eventos similares em outras cidades da região.

“Eu trabalhava fabricando utensílios para o homem do campo e me senti na obrigação de fazer algo para eles se apresentarem”, lembra Guerreiro, idealizador da Cavalgada. “A primeira foi com grande dificuldade, a segunda foi melhorando, e a terceira ainda mais crescente. Ela foi criando corpo ao longo dos anos”, acrescenta.

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Poeirão na estrada sinaliza passagem dos peões. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)

A primeira edição aconteceu em 14 de dezembro de 2005, na cidade de Três Lagoas. O início foi marcado por barracas de lona e muita força de vontade. “Lá atrás, nós não tínhamos essa tecnologia de hoje. A gente armava barraco de lona pra cozinhar, fazia tudo na raça mesmo, porque o objetivo era resgatar aquela cultura do campo”, recorda.

Com o tempo, a data foi mudando para escapar das chuvas de dezembro e acabou fixada na segunda semana de setembro. Hoje, o evento é esperado o ano inteiro pelos moradores e visitantes. A festa começa no sábado à noite, quando o grupo de Guerreiro prepara o cardápio tradicional, com arroz temperado, feijão tropeiro, puxeiro e carne frita no tacho.

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Cavalgada acontece há 20 anos, no distrito de Arapuá. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)

“A parte da cozinha começa às seis da tarde de sábado. Quando dá quatro, cinco da manhã, está tudo pronto pra receber o pessoal”, conta  Guerreiro, que esteve à frente da organização da festa até 2024.

No domingo, as comitivas tomam as ruas do distrito. Em algumas edições, chegaram a participar mais de 2.400 cavaleiros montados. “Tomou uma proporção muito grande. Começaram a vir comitivas de Santa Fé, Jales, Birigui, Bento de Abreu, Valparaíso, Mirandópolis, Andradina, Paulicéia e até de Piracicaba. Começou pequeno e virou algo que representa nossa região”, pontua Ângelo.

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Comida de comitiva é preparada e srvida para milhares de participantes. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)

Segundo ele, por causa do crescimento, a cavalgada de Três Lagoas, que chegou a reunir carros de boi e cavaleiros de várias cidades, precisou ser interrompida na cidade por questões de trânsito, mas foi justamente isso que impulsionou Arapuá. “Acho que a paralisação na cidade ajudou o distrito a crescer. Hoje, a tradição se firmou e o evento virou um resgate da cultura do homem do campo”, resume.

A força da cavalgada foi tamanha que, em 2022, o evento entrou no Calendário Oficial de Eventos de Mato Grosso do Sul por meio de uma lei estadual. A cada edição, o público aumenta. Em 2025, mais de 11 mil pessoas participaram da festa, que ganhou estrutura profissional, transporte gratuito e shows de artistas regionais e nacionais.

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Tradição da cavalgada valoriza homem do campo e é compartilhada por gerações. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)

Mesmo com a grandiosidade, a essência permanece. “Eu, minha esposa e uma galerinha cuidamos da cozinha até hoje. Tenho um caminhão-baú de oito metros só pra carregar as tralhas, panelas, tachos, tudo. É tradição. É cultura. É o jeito simples de celebrar o campo”, avalia Guerreiro.

O sucesso inspirou outras cidades. Guerreiro já ajudou a organizar cavalgadas em Selvíria, Brasilândia e até no interior de São Paulo. “Este ano vou para Presidente Bernardes cozinhar para mais de 3.500 pessoas. Eles estão começando agora e me chamaram para ajudar. É bonito ver a cultura se espalhando”, comenta.

Há 20 anos, cavalgada exalta homem do campo e cultura de peões
Comida servida na festa é atração à parte. (Foto: Prefeitura de Três Lagoas)

Hoje, a Cavalgada de Arapuá é um evento que reúne gerações em torno do pertencimento e da homenagem aos trabalhadores rurais, que reafirmam a tradição e o espírito das comitivas sul-mato-grossenses.

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