Mapa que ninguém decorou é berço de artistas improváveis de MS
Do interior à fama: artistas do Estado que conquistaram o país vieram de lugares onde ninguém "botava fé"
Muita gente não sabe, mas esses nomes saíram de lugares onde ninguém "botava fé", do interior de Mato Grosso do Sul e ganharam o país e o mundo. Se a origem improvável é motivo de orgulho, não sabemos, mas que o sucesso deles é razão de comemoração por aqui, isso é. No aniversário de 48 anos do Estado, trouxemos o rosto de pessoas que conseguiram sair do que muitos chamam de “fim do mundo”, para mostrar que o lugar de onde você é não significa que os sonhos não possam chegar e se tornar reais.
RESUMO
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Mato Grosso do Sul é berço de diversos artistas que alcançaram projeção nacional e internacional. Entre os destaques estão o DJ Vintage Culture, de Mundo Novo, que se tornou referência na música eletrônica, e Ana Castela, nascida em Amambai, fenômeno do "agronejo" e vencedora do prêmio Revelação do Ano no Multishow 2022. O estado também é origem de nomes consagrados como Luan Santana, de Jaraguari, Ney Matogrosso, de Bela Vista, e Almir Sater, de Campo Grande. Na dramaturgia, destacam-se as campo-grandenses Aracy Balabanian e Glauce Rocha, atrizes que marcaram a história do teatro e da televisão brasileira.
O DJ Vintage Culture, ou Lukas Ruiz, é um dos exemplos disso. Natural de Mundo Novo, cidade distante mais de 400 km da Capital, ele é um nome da cena eletrônica e multicultural do Estado e se tornou um dos maiores nomes do gênero musical.
A história com a música começou na adolescência, com influências do sertanejo, mas logo migrou para a música eletrônica após descobrir o estilo em uma lan house. Foi a partir de 2013, com remixes de sucesso, como o de “Blue Monday”, New Order, que ele ficou conhecido. Dois anos depois, a fama chegou com tudo e ele iniciou a carreira internacional.
Lukas é conhecido por misturar batidas eletrônicas com influências regionais e latinas. Ele representa uma geração que busca valorizar a identidade local sem abrir mão da inovação sonora. Seus sets costumam incluir a viola e ritmos fronteiriços.
Não distante, o nome mais famoso da indústria sertaneja atual: Ana Castela, ou Ana Flávia Castela. A boiadeira nasceu em Amambai, mas cresceu na pequena cidade de Sete Quedas, próxima à fronteira com o Paraguai.
Ainda adolescente, começou a cantar em vídeos publicados nas redes sociais e rapidamente chamou atenção pela voz potente e pelo carisma. Em 2021, lançou o single “Boiadeira”, que se tornou um fenômeno e deu origem ao apelido que a consagrou. Ana fala sobre sua origem e gosta de contar histórias do interior e do Estado.
No ano seguinte, explodiu nacionalmente com “Pipoco”, parceria com Melody e DJ Chris No Beat, foi dai que o termo “agronejo” estourou. O estilo é uma mistura de sertanejo com batidas urbanas. Desde então Ana vem lotando shows, gravando com artistas consagrados e colecionando prêmios.
Em Jaraguari, Luan Rafael Domingos Santana, o Gurizinho de Jaraguari, não esperava que fosse se tornar o artista que é hoje. Luan nasceu em Campo Grande, mas passou parte da infância e fez suas primeiras apresentações em Jaraguari.
Desde pequeno, demonstrava talento para a música e, em 2009, lançou o álbum “Tô de Cara”, que marcou o início de uma carreira. No mesmo ano, o hit “Meteoro” o transformou em fenômeno nacional.
Ao longo dos anos, o músico diversificou o repertório e se firmou como um dos artistas mais premiados do país. Luan coleciona recordes de sucesso de players nas plataformas digitais.
Ele sempre está passeando pelo Mato Grosso do Sul, especialmente pescando no Pantanal. em inúmeras entrevistas ele conta ter orgulho em dizer que é do Estado e de onde veio. Em visitas rápidas à Capital, gosta de revisitar casas, amigos e comer em lugares típicos, como o Mercadão Municipal.
Ao contrário de muitos, Ney Matogrosso pouco fala sobre a vida em Bela Vista e insiste em dizer que nasceu no Mato Grosso. Ney de Souza Pereira é um dos artistas mais inovadores da música brasileira.
Filho de militar, passou a infância em várias cidades do país até ingressar na Aeronáutica, carreira que abandonou para seguir a vontade de ser mais. Em 1970, foi vocalista do grupo Secos & Molhados e quebrou o país com a estética teatral e letras ousadas que marcaram época. Ney rompeu padrões de gênero e comportamento e se transformou em símbolo de liberdade e expressão artística.

Zacarias Mourão, um ícone de Coxim, é um dos nomes importantes da música regional sul-mato-grossense e ficou eternizado com a canção “Pé de Cedro”. Poeta, compositor e intérprete, ele é reconhecido por valorizar a cultura pantaneira e o modo de vida do interior em suas letras. Suas canções falam de rios, peões e amores simples, com sonoridade que mistura viola, chamamé e ritmos fronteiriços.
Na juventude, quis ser padre e entrar para a Aeronáutica, mas desistiu. Em 1959, aos 31 anos, Zacarias voltou para visitar o pé de cedro que havia plantado quando criança, que deu origem à canção famosa. Foi quando pediu a outro compositor musicar a canção que viria a marcar sua carreira.
Após sua morte, o muralista brasileiro Eduardo Kobra finalizou uma homenagem ao compositor, na Praça Zacarias Mourão, ao lado do próprio Pé-de-Cedro, que hoje já não existe mais.
Capital
Almir Sater, ou Almir Eduardo Melke Sater, nasceu em Campo Grande e ganhou o país com a música Trem do Pantanal, feita pelos amigos Geraldo Roca e Paulo Simões. Além dessa canção, sua carreira ganhou projeção nacional a partir dos anos 1980, com sucessos como Tocando em Frente e Chalana. O compositor e violeiro é um dos principais nomes da música brasileira, popularizando o som do sertanejo de raiz com influências do folk e do blues.
Além da música, Almir também conquistou o público como ator, interpretando papéis marcantes em novelas como Pantanal (1990 e 2022) e O Rei do Gado. Seu estilo sereno e poético faz dele um símbolo da cultura sul-mato-grossense e um dos artistas mais respeitados do país. Almir tem propriedades no Pantanal e fala abertamente sobre suas raízes.
Diogo Ferrero, mais conhecido como Di Ferrero, foi o vocalista da banda NX Zero, um dos maiores fenômenos do rock brasileiro dos anos 2000. Di começou cedo na música e, com a banda, conquistou o país com sucessos como “Razões e Emoções” e “Cedo ou Tarde”.
Além da trajetória com o grupo, se destacou também como compositor, apresentador e jurado em programas de televisão. Nos últimos anos, investiu em uma carreira solo que mistura pop, rock e música eletrônica. Ele não comenta muito sobre Campo Grande.
Michel Munhoz e Ricardo Mariano nasceram em Campo Grande e começaram a cantar juntos em 2006, se apresentando em festas e bares locais. O sucesso nacional veio em 2011, quando venceram o concurso “Garagem do Faustão”, da TV Globo, com o hit “Camaro Amarelo”. A música virou febre em todo o país e lançou a dupla. Munhoz & Mariano se firmaram como representantes da nova geração do sertanejo universitário. Os dois dividem o tempo entre São Paulo e Campo Grande.
Naturais de Campo Grande, Bruninho e Davi são amigos desde a adolescência e começaram a cantar juntos em barzinhos da cidade. Com o tempo, conquistaram o país com um estilo leve e moderno, misturando sertanejo, pop e batidas animadas. Ficaram conhecidos por sucessos como “E Essa Boca Aí?” e “Imagina com as Amigas”.

Nascida em Campo Grande Aracy Balabanian foi uma das maiores atrizes da televisão e do teatro brasileiros. Filha de imigrantes armênios, cresceu em São Paulo e iniciou sua carreira artística nos anos 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia. Brilhou em produções marcantes da teledramaturgia nacional, como Vamp, Rainha da Sucata, A Próxima Vítima e Sai de Baixo, onde interpretou a hilária Cassandra.
Dona de uma voz inconfundível e de uma presença de palco dela Aracy se destacou pela versatilidade. Era reconhecida pelo público e pela crítica, foi homenageada diversas vezes por sua contribuição à cultura brasileira. A artista faleceu em 2023, aos 83 anos.
A atriz Glauce Rocha nasceu em Campo Grande e se tornou uma das atrizes mais intensas e respeitadas de sua geração. Formada em teatro ela também se destacou no cinema novo brasileiro. Trabalhou com nomes como Glauber Rocha e Ruy Guerra, participou de filmes emblemáticos como Terra em Transe (1967).
No teatro, foi igualmente brilhante, conhecida por sua entrega total aos papéis. Sua carreira foi curta, morreu aos 40 anos e marcou profundamente a história do cinema e do teatro no Brasil. Por aqui ela recebeu homenagem com nome do teatro da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Glauce é lembrada como uma artista intensa, corajosa e essencial para atuação feminina na dramaturgia brasileira.
Outros nomes
- Manoel de Barros - Nasceu em Cuiabá, mas viveu em Campo Grande;
- Renato Ratier - Nascido em São Paulo, mas criado em Campo Grande
- Michel Teló - Paranaense que viveu em Campo Grande
- Thiaguinho - Presidente Prudente, São Paulo, mas morou em Ponta Porã.
- Tetê Espíndola - Nascida em Campo Grande
- Humberto Espíndola - Campo Grande
- Jads e Jadson -Paranaenses que moram em Campo Grande
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