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Comportamento

Vida entortou coluna de Rosalina, mas ela segue costurando há 20 anos

De portão aberto no Tiradentes, aposentada é salvação da vizinhança com conserto de roupas

Por Natália Olliver | 23/10/2025 07:00

Rosalina José dos Santos vive com as costas tortas pela costura e pelos trabalhos pesados que já fez na vida. Aos 72 anos, ela deixa o portão de casa aberto para poder fazer o que tem levado comida para dentro de casa nos últimos 20 anos: consertar peças de roupas dos vizinhos. Curvada sobre a máquina, ela conta resumidamente partes da vida. Apesar do sorriso fácil, a própria história nem sempre sai sem esforço.

RESUMO

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Aos 72 anos, Rosalina José dos Santos encontrou na costura uma forma de sustento após décadas de trabalhos pesados. Moradora do bairro Tiradentes, em Campo Grande, ela mantém o portão de casa aberto para receber vizinhos que precisam de reparos em suas roupas. Com uma história que começou aos 7 anos na roça, Rosalina aprendeu sozinha o ofício da costura. Hoje, cobra valores acessíveis pelos serviços: R$ 20 por barra, R$ 15 por zíper e até R$ 30 para reparos mais complexos. Além das costuras, também confecciona tapetes de tricô, adaptando-se às dificuldades econômicas de seus clientes.

Ela já fez de tudo, desde limpeza em lojas de construção a serviços gerais em casas particulares, mas uma coisa ela afirma: ter trocado os panos de chão pelas peças de roupa foi uma das coisas que a salvou.

Vida entortou coluna de Rosalina, mas ela segue costurando há 20 anos
Vida entortou coluna de Rosalina, mas ela segue costurando há 20 anos
Rosalina já fez de tudo, mas costura é fonte de renda hoje (Foto: Natália Olliver)

“Só trabalhei em serviço pesado, esse é o mais leve, fico aqui no sofá, bate um vento. Eu gosto.”

No bairro Tiradentes o pessoal até já conhece a costureira. Sem medo de expor o interior da casa simples, Rosalina relembra que começou a trabalhar aos 7 anos e, de lá pra cá, nunca mais parou. Primeiro foi na roça com os pais, depois, quando se mudaram para a cidade, nos serviços domésticos.

“Naquele tempo era comum. Casei depois e continuei trabalhando. Nunca parei de trabalhar. Chegou um certo tempo que me deu problema de coluna, era muito serviço pesado. Só trabalhei com isso na vida.”

Falando em vizinhos, eles são os maiores clientes dela. Sempre que precisam de uma barra, um zíper ou forro de calça, recorrem à Rosalina. O preço é justo para ela e vale pelo tempo que se curva à máquina, mas de longe o suficiente para viver só da costura.

Vida entortou coluna de Rosalina, mas ela segue costurando há 20 anos
Vida entortou coluna de Rosalina, mas ela segue costurando há 20 anos
Rosalina vive de portão aberto para que vejam ela costurando (Foto: Natália Olliver)

“Tem uma loja aqui perto que os clientes vêm aqui também. Eu cobro R$ 20 na barra. O zíper cobro R$ 15. Tem gente que traz calça para colocar fundo, aí já cobro R$ 25, R$ 30, nessa faixa. Dá pra levar, um pinga aqui e um pinga ali.”

Ela explica que aprendeu a costurar sozinha e que sempre “quebrou um galho”, mas que, depois da coluna, viu nisso uma oportunidade de fazer algo mais tranquilo.

“Ninguém nunca me ensinou, aprendi sozinha. Tudo aquilo que você gosta, que quer fazer, você faz. Eu faço tapete também, vendo jogo a R$ 180 de tricô. Demoro umas duas semanas. Agora tá difícil, que o povo está meio sem dinheiro, então tá um pouco mais complicado.”

Sobre ficar com o portão aberto, Rosalina diz que é um meio de fazer com que vejam o trabalho dela e, ao mesmo tempo, sentir o vento que vem de fora. A casa foi comprada com muito esforço, e a varanda é motivo de orgulho.

“Eu não sei ficar parada, faço qualquer coisa pra fazer. Quando comprei a casa tinha uma varandinha. Quando me aposentei, peguei um empréstimo e fiz a varanda maior pra eu trabalhar aqui. Aí largo o portão aberto pro povo ver.”

A costureira trabalha na Rua da Saudade, 380, no bairro Tiradentes.

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