'Do Sul, a Vingança' é filme 100% de MS e chega ao cinema com faroeste
Filme com produção 100% sul-mato-grossense estreia nos cinemas nesta quinta-feira
Nesta quinta-feira (15), o cinema brasileiro ganha um novo sotaque: o do Centro-Oeste, carregado de identidade, humor ácido e crítica social. Estreia nas telonas o longa-metragem ‘Do Sul, a Vingança’, o primeiro filme de ficção produzido integralmente em Mato Grosso do Sul a entrar no circuito comercial do Brasil.
Dirigido por Fábio Flecha e com produção da Render Brasil, o projeto chega às telas com cara de bang-bang moderno, ambientado nas fronteiras do Estado e armado de sarcasmo.
O filme nasceu a partir do curta-metragem ‘Do Sul’, de 2013, e ganhou força após a repercussão positiva. “Ele entrou em festivais, ficou cinco anos na SINE Brasil TV. A gente pensou: ‘esse projeto parece promissor’”, lembra Fábio. “De lá pra cá, desenvolvemos o roteiro até conseguir os recursos para produzir longa”, pontua.
Entre mudanças de governo, pandemia e batalhas por financiamento, o filme resistiu. Só foi finalizado graças à Lei Paulo Gustavo e ao apoio da prefeitura. E o reconhecimento veio rápido: Do Sul, a Vingança venceu o Los Angeles Film Awards 2025 como Melhor Longa-Metragem Indie e é finalista no World Film Festival, evento paralelo ao Festival de Cannes.
Mas afinal, sobre o que é o filme?
A sinopse apresenta o escritor Lauriano, que viaja para a fronteira entre Brasil, Paraguai e Bolívia atrás de histórias de crimes reais. O que ele encontra, no entanto, é um universo caótico, onde o crime organizado tem suas próprias regras.
Entre “Jacarés” e coronéis, Lauriano embarca em uma jornada de ação, personagens excêntricos e situações absurdas. “É uma aventura no Velho Oeste brasileiro, com nossas lendas e costumes”, resume Fábio.
Apesar da trama ficcional, o pano de fundo é real: a eterna confusão com o nome do Estado. “É um mote recorrente. A gente sempre tem que corrigir que não é Mato Grosso, é Mato Grosso do Sul. A gente traz isso para o filme de maneira bem-humorada, mas também crítica”, explica o editor e diretor de efeitos visuais Flávio Sobreira.
“E não é só o nome: a fronteira é um lugar complexo, onde os problemas muitas vezes não são nossos, mas a conta sobra pra gente”, complementa Flávio.
Com orçamento de R$ 397 mil, a produção teve cerca de 90 pessoas envolvidas, entre equipe técnica e elenco. Todos profissionais do Estado. “Temos muito orgulho disso. É uma prova de que o Mato Grosso do Sul pode fazer cinema de qualidade, que dialoga com o público e com o mercado”, diz Flávio.
A trilha sonora, a ambientação e os personagens fazem questão de exibir a brasilidade da fronteira, sem filtros. “A gente mostra essa região que mistura o Brasil, o Paraguai e a Bolívia. É uma fronteira difícil de controlar, e isso aparece no filme como um cenário onde tudo pode acontecer”, comenta o diretor Fábio.
Além do reconhecimento internacional, Do Sul, a Vingança chega aos cinemas com acessibilidade garantida: legenda descritiva, Libras e audiodescrição. A estreia será simultânea nos cinemas de Campo Grande e de outras cidades.
“É um cartão de visita do nosso trabalho. A gente quer produzir mais filmes, séries, e mostrar que dá pra fazer cinema de verdade aqui, com pouco recurso, mas muita criatividade”, finaliza Fábio Flecha.
Clique aqui e confira o trailer.
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