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Lado Rural

Plataforma que monitora pecuária sustentável se expande no Pantanal

Ferramenta usada para avaliar pastagens, bem-estar animal e impacto ambiental chega a oito fazendas

Por Kamila Alcântara | 13/11/2025 14:16
Plataforma que monitora pecuária sustentável se expande no Pantanal
Boiadeiros atravessam área alagada da forma tradicional pantaneira, a cavalo (Foto: Raquel Brunelli)

O Pantanal de Mato Grosso do Sul entrou oficialmente na rota da FPS (Fazenda Pantaneira Sustentável), tecnologia criada pela Embrapa Pantanal para medir, com base científica, como a pecuária influencia o ambiente, a pastagem nativa, o bem-estar animal e a dinâmica sociocultural das propriedades. O projeto ganhou novo fôlego após o anúncio de mais de R$ 20 milhões em investimentos, feito durante o Dia do Pantanal, celebrado na AgriZone.

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A Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), tecnologia da Embrapa Pantanal, expande sua atuação para Mato Grosso do Sul com investimentos de R$ 20 milhões. O sistema, que monitora indicadores ambientais e produtivos da pecuária, será implementado em oito propriedades, totalizando 110 mil hectares. O projeto, coordenado pela Coalizão Pontes Pantaneiras, visa demonstrar que a pecuária tradicional pantaneira pode contribuir para soluções climáticas. Em Mato Grosso, onde já opera há cinco anos, a FPS registrou melhorias significativas, como redução na idade do primeiro parto das vacas e aumento na taxa de prenhez do rebanho.

O movimento marca uma guinada para o lado sul do bioma: depois de rodar por cinco anos em fazendas-piloto de Mato Grosso, a FPS começou a ser aplicada em oito propriedades de Mato Grosso do Sul, que juntas somam aproximadamente 110 mil hectares. A expansão local é coordenada pela Coalizão Pontes Pantaneiras, grupo que reúne Embrapa Pantanal, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Smithsonian Institution, Pew Charitable Trusts e University College London.

A plataforma digital monitora indicadores ambientais, sociais e produtivos. A ideia é simples no papel e complexa no campo: medir de forma objetiva a qualidade das pastagens nativas, a lotação bovina, a conservação hídrica, o risco de incêndios, a eficiência produtiva e até o bem-estar dos animais. Tudo isso vira dados para orientar decisões do produtor.

Na prática, o sistema busca mostrar que a pecuária pantaneira tradicional, com baixa lotação e forte dependência do ciclo das águas, pode ser parte da solução climática. A lógica é evitar a abertura de novas áreas, reduzir emissões e manter serviços ecossistêmicos essenciais, justamente aquilo que diferencia o Pantanal de outros biomas.

Com a entrada de fazendas sul-mato-grossenses, o projeto ganha contorno mais representativo do bioma, já que 64% do Pantanal brasileiro está em Mato Grosso do Sul. A meta anunciada é ousada: levar a metodologia para 2 milhões de hectares até 2030.

A Aliança 5P, grupo que reúne produtores do Pantanal sul-mato-grossense, seguirá integrando propriedades-modelo ao programa. Esses avanços, segundo a Coalizão, dependem de articulação conjunta entre produtores, governo estadual e federal, instituições científicas e financiamento privado.

O Governo de Mato Grosso do Sul deve participar com aproximadamente R$ 3,5 milhões, destinados à pesquisa sobre pastagens nativas e à criação da Base Ativa de Germoplasma essencial para entender e melhorar o comportamento das espécies que sustentam o gado pantaneiro. Também está prevista pesquisa para manejo sustentável do cambará, uma das plantas mais desafiadoras do Pantanal.

Segundo a Coalizão, esses dados ajudam a evitar que o manejo ocorra no “achismo” e permitem decisões mais seguras em um cenário de mudanças climáticas cada vez mais intensas.

Embora os números mais detalhados venham do piloto em Mato Grosso, eles ajudam a visualizar o potencial da ferramenta agora adotada em MS. Em cinco anos, fazendas acompanhadas viram:

  • Queda da idade do primeiro parto das vacas de 34 para 28 meses;

  • Aumento da taxa de prenhez de 41% para 70,9%.

São indicadores produtivos robustos e diretamente ligados à saúde do rebanho e da pastagem. Eles também ajudam a mostrar que o impacto ambiental reduzido não é sinônimo de perda econômica, ponto central para ganhar adesão dos pecuaristas.

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