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Meio Ambiente

Estudo identifica áreas com alto potencial de fixação de carbono no Pantanal

Levantamento destaca o papel do bioma pantaneiro nas estratégias climáticas do Brasil rumo à COP30

Por Ângela Kempfer | 07/11/2025 11:32
Estudo identifica áreas com alto potencial de fixação de carbono no Pantanal
Área alagada ao longo da Estrada Parque, no lado sul-mato-grossense do Pantanal (Foto: Governo de MS)

Bioma compartilhado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pantanal está no centro de uma nova pesquisa científica que revela o papel estratégico da região na fixação de carbono e no enfrentamento das mudanças climáticas. Os resultados estão no Atlas do Estoque de Carbono em Formações Vegetais da Bacia do Alto Paraguai, especificamente sobre o outro lado da divisa, no Mato Grosso.

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O Pantanal, bioma compartilhado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é objeto de nova pesquisa científica que revela seu papel na fixação de carbono. O estudo, realizado entre abril e setembro de 2023, analisou 59 localidades da Bacia do Alto Paraguai utilizando tecnologias avançadas de sensoriamento remoto.A pesquisa, conduzida pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul em parceria com a Embrapa e a Associação dos Criadores de Mato Grosso, revelou altos índices de estoque de carbono em municípios como Poconé e Barão de Melgaço, demonstrando o potencial ambiental e econômico da região para o mercado de créditos de carbono.

O estudo é resultado de uma parceria entre a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, a Embrapa Gado de Corte e a Associação dos Criadores de Mato Grosso. A pesquisa é liderada pelo professor doutor Fábio Ayres, da UEMS, e contou com apoio técnico e institucional das três instituições. O reitor da UEMS, professor doutor Laércio de Carvalho, participará da apresentação, reforçando o compromisso da universidade com o desenvolvimento sustentável e a ciência climática aplicada à realidade regional.

Conduzido entre abril e setembro de 2023, o trabalho utilizou imagens do satélite Landsat e ferramentas avançadas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, baseadas no Protocolo UEMS. Foram analisadas 59 localidades da Bacia do Alto Paraguai, abrangendo tanto Mato Grosso quanto Mato Grosso do Sul, com foco nas formações vegetais do Pantanal e de suas áreas adjacentes.

O levantamento envolveu índices de vegetação, classificação espectral e validação em campo, permitindo estimar os estoques de carbono em diferentes tipos de cobertura vegetal. O resultado é um panorama científico inédito sobre a capacidade de fixação de carbono da região e sua relevância para as estratégias de mitigação das mudanças climáticas.

Conexão entre conservação e economia

Segundo o professor Fábio Ayres, conservar o Pantanal é garantir o equilíbrio entre o uso produtivo e a preservação dos serviços ecossistêmicos. “A pecuária tradicional com pastagens nativas pode conviver com a manutenção dos estoques naturais de carbono, desde que manejada de forma sustentável”, afirma.

Os resultados mostram que municípios como Poconé e Barão de Melgaço, ambos em Mato Grosso, registram altos índices de estoque por hectare, com 33,42 e 28,78 toneladas, respectivamente. Esses dados indicam o potencial ambiental e econômico da região, especialmente em relação ao mercado de créditos de carbono.

Integração entre os estados e protagonismo internacional

Para Ayres, o Atlas reforça a integração ambiental entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já que a Bacia do Alto Paraguai ultrapassa fronteiras administrativas. “A pesquisa fornece base científica para o planejamento territorial sustentável, valoração de ativos ambientais e formulação de políticas públicas”, explica.

O pesquisador destaca ainda que o estudo posiciona o Pantanal como ativo ambiental de relevância global. Os resultados contribuem para os compromissos do Brasil na COP30 e ampliam o protagonismo da região nas discussões internacionais sobre clima e carbono.

“A conservação do Pantanal promove resiliência ecológica, segurança hídrica e fortalecimento da economia local, sem abrir mão da proteção da biodiversidade”, resume o professor Fábio Ayres.

Os dados gerais do estudo serão apresentados no próximo dia 11 de novembro, no Centro de Estudos de Fronteira General Padilha, em Campo Grande.