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Na Íntegra

Transformar pastagens degradadas é um grande feito para MS, diz secretário

Estado já reverteu 5 milhões de hectares e há outros 8 milhões de hectares a ganhar nova destinação

Por Maristela Brunetto | 07/11/2025 12:03


RESUMO

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Mato Grosso do Sul apresentará na COP 30 um projeto de recuperação de 5 milhões de hectares de pastagens degradadas, promovendo a retenção de CO² e a diversificação produtiva com grãos, cana e eucalipto. O secretário-adjunto do Meio Ambiente, Arthur Falcette, destacou a importância da tecnologia e do financiamento subsidiado para essa transformação. Além disso, o estado implementa o pagamento por serviços ambientais, com R$ 30 milhões destinados a iniciativas de preservação no Pantanal. Falcette mencionou a certificação de 86 milhões de toneladas de créditos de carbono, que gerará receitas para o governo e proprietários rurais, evidenciando a conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Um dos principais feitos na área ambiental que Mato Grosso do Sul vai apresentar na COP 30, conferência do clima que está sendo realizada em Belém, é o processo de reversão de cerca de 5 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas, com o setor produtivo recuperando parte ou mesmo dando nova destinação, com o plantio de grãos, cana ou eucalipto. Essa transformação criou condições para a retenção de CO2 (dióxido de carbono) na natureza, problema destacado nos debates sobre aquecimento global. O secretário-adjunto do Meio Ambiente e adjunto da Semadesc (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Arthur Falcette, falou com o podcast Na Íntegra, do Campo Grande News, sobre os desafios na área ambiental, como conciliar o auge do desenvolvimento econômico, com a chegada de grandes indústrias, e a preservação de recursos naturais.



Há ainda outros oito milhões de hectares que deverão passar por recuperação ou troca de atividade produtiva. Além das culturas já citadas, a citricultura é outra atividade que se expandiu para Mato Grosso do Sul após uma praga devastar plantações em São Paulo.

Falcette explica que foi possível reduzir a área da pecuária sem que tenha ocorrido queda na produção de carne, com uso de tecnologia e intensificação da atividade.

Ele diz que houve uma junção de ações do poder público com o interesse do setor privado. Converter pastagem degradada é caro, explicou, mas despertou a atenção do governo pelo resultado positivo que produz e, por isso, foram oferecidos financiamentos subsidiados.

Só o eucalipto ocupou 1,8 milhão de hectares nessas áreas. O setor da celulose não recebe apenas incentivo fiscal para atividade industrial, mas também para a criação de florestas de eucalipto. É um cultivo que vai se ampliar porque mais duas fábricas serão ativadas nos próximos anos, somando-se às outras quatro já em funcionamento.

Pastagem degradada é uma das culturas que mais emitem carbono. É um uso terrível para o solo.”

 O governo do Estado terá uma comitiva na COP 30 para abordar vários temas, incluindo uma palestra do governador Eduardo Riedel, no dia 13. Será oportunidade de falar sobre boas práticas e também desafios, como a preservação do Pantanal.



Durante a entrevista, o secretário falou do começo do chamado PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) com recursos do Fundo Clima Pantanal. Para este ano, foram reunidos R$ 30 milhões. Parte do recurso foi destinada a iniciativas para estruturar o combate ao fogo no Pantanal, e dias atrás foi concluído o primeiro edital para remunerar donos de áreas que mantiverem a vegetação em vez de desmatar. Houve 59 inscrições em um bioma com cerca de 5 mil propriedades, cujas áreas agora estão sendo checadas. O limite da remuneração é de R$ 100 mil/ano por propriedade ou R$ 300 mil para grupos econômicos, conforme a extensão do trecho de natureza a ser preservado.

Está todo mundo do MS muito imbuído em trazer recursos para o Pantanal.”

Falcette reconheceu que esperava adesão maior, mas considera que o assunto ainda é novo no Estado e pode despertar maior interesse nos próximos chamados para remuneração. O programa será divulgado na COP 30, até com a ajuda de organizações não governamentais reconhecidas na defesa do Pantanal.



Créditos de carbono – Além da remuneração a quem não desmatar área permitida no Pantanal, produtores que preservam também serão remunerados na região do Cerrado no Estado, por conta de carbono retido na natureza com a manutenção de vegetação, deixando o solo protegido. Já há créditos que foram certificados – 86 milhões de toneladas de carbono retidas- e isso gerará receitas ao poder público, com a destinação carimbada ao meio ambiente, e a proprietários rurais.

Quem compra créditos de carbono de quem preserva são segmentos que têm atividades poluentes, de alto impacto, como petrolíferas e mineradoras. É o começo de um mercado que ainda vai ganhar projeção no Estado.

Há um protocolo de neutralização das emissões de carbono nas atividades produtivas até 2050. O Estado se movimenta para alcançar esse cenário em 2030, apostando na redução do desmatamento, no aumento de áreas preservadas e em atividades industriais que produzam menos resíduos.

Preservar é valioso e a gente tem capacidade de conciliar desenvolvimento e preservação.”

Há ainda vários desafios, considera o secretário, porém cita que “não é trivial” o Estado ter ampliado e diversificado sua atividade produtiva, com a instalação de grandes indústrias e, ao mesmo tempo, reduzir o desmatamento. Para Falcette, isso resultou de um arranjo institucional com vários agentes que foi positivo.