Falta estrutura de campanha para mulher participar da política, diz Simone
A vice-governadora Simone Tebet (PMDB) considera que a participação da mulher na política só não é maior em razão de os partidos não lhes dar estrutura necessária para a campanha eleitoral. A cota de 30% para candidatas nas eleições vem sendo cumprida apenas na formalidade legal, na avaliação que Simone fez neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher.
“Falta real oportunidade para a mulher na política. As cotas existem de direito, mas não de fato. Dirigentes de partidos buscam preencher essa cota de 30%, mas na hora de dar infraestrutura não o fazem”, criticou Simone, mulher que atualmente ocupa o cargo de maior destaque no cenário político sul-mato-grossense. “Não se dá à mulher reais oportunidades de se chegar ao poder no Estado e também no País como um todo”, acrescentou.
Segundo Simone, o País já está na sétima ou oitiva eleição, desde em 1997, quando a cota de 30% foi criada pela “Lei do Baton” (Lei nº 9.504) sem que tenha se conquistado o resultado esperado. “A mulher que começou estimulada com a lei da cota percebeu que quando chega na hora da eleição não tem infraestrutura necessária para chegar ao poder e com isso temos uma média de apenas 10% de mulheres na vida pública”, observou.
Para ela, as mulheres que têm conseguido se sobressair na política são as beneficiadas por circunstância favoráveis, como o nome e apoio de um homem. Cita como exemplo sua própria entrada na vida pública, impulsionada pelo fato de ter o sobrenome “Tebet”, de seu pai, o ex-senador Ramez Tebet. “Eu dependi muito no inicio do nome do meu pai”, confessou.
Indagada se o fato de o Brasil ter uma presidente mulher, Dilma Roussef, não teria estimulado a participação feminina na política, a vice-governadora lembrou que o antecessor foi o grande responsável pela eleição dela. “A Dilma teve empurrão do presidente Lula.. Se não tem esse empurrão é muito difícil chegar ao poder”, avaliou.
Questionada se a aprovação do financiamento público da campanha eleitoral, um dos temas da reforma política que não deslancham no Congresso Nacional, incrementaria as candidaturas femininas nas eleições, Simone respondeu afirmativamente. “Esse é um dos meios para se diminuir essa diferença da participação de homens e mulheres na política. Mas temos de fazer a nossa parte. O eleitorado está começando a ter consciência da competência da mulher, que é mais honesta, mais bem intencionada”, disse. “Hoje mulher vota em mulher. Antes não era assim”, emendou.
Além da mudança na legislação sobre financiamento da campanha, Simone considera que a ampliação da participação da mulher na política também tem a ver com a questão educacional. “Através da educação e cada vez mais estimulando a mulher a trabalhar na vida pública da forma como ela faz em casa, como administra a sua vida e a vida da família. Ela abre mão de seus próprios interesses pessoais pela família, com seu coração de mãe. O altruísmo da mulher tem de estar na política”, disse.
Em que pese a cota de 30% ainda não ter sido ainda atingida de fato, a vice-governadora salienta o aumento da participação feminina nos cargos públicos de comando. “Houve aumento de mulheres nos cargos de comando dos poderes, como secretarias, ministras e chefes”, destacou. “Infelizmente ainda falta alcançar mais cargos eletivos”, encerrou.