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Infinito particular: A importância das rotinas de prazer com nós mesmos

Por Cristiane Lang (*) | 06/05/2025 08:30

Vivemos em um mundo que exige muito — produtividade, desempenho, conexões, presença, reinvenção. Somos cobrados a ser múltiplos, enquanto, dentro de nós, às vezes só queremos ser um: nós mesmos, em paz. No meio do caos, das obrigações e das expectativas alheias, nasce uma necessidade silenciosa, porém urgente: cultivar pequenas rotinas de prazer que nos reconectem com o nosso infinito particular.

O que são pequenas rotinas de prazer?

Não estamos falando de grandes viagens, jantares elaborados ou conquistas extraordinárias — apesar de tudo isso ter seu valor. Estamos falando de pausas cotidianas que nos devolvem a nós mesmos. Pode ser o café da manhã sem pressa, a leitura de um capítulo de um livro favorito, uma caminhada em silêncio, o cuidado com a pele, o ato de escrever num caderno, ouvir uma música enquanto se olha pela janela, ou simplesmente respirar fundo com consciência.

Esses pequenos rituais são maneiras de lembrar quem somos para além das obrigações. São âncoras. Enquanto tudo ao redor puxa para fora, essas práticas nos puxam para dentro.

Por que elas importam tanto?

Porque viver não é só cumprir funções. Viver também é sentir. E o sentir não é imediato em meio ao excesso de estímulos. As pequenas rotinas de prazer são convites ao sentimento, à presença, à escuta. Elas nos lembram que há beleza no ordinário, que o tempo pode ser amigo, e que nossa companhia pode ser suficiente — e até gostosa.

Quando criamos esses momentos, estamos dizendo a nós mesmos: “eu me importo com você”. E isso, em tempos de autoabandono disfarçado de produtividade, é revolucionário.

Rotinas de prazer são autoconhecimento

em ação Cada vez que escolhemos algo que nos dá prazer sem depender da validação externa, estamos nos conhecendo melhor. É nesse tempo de qualidade consigo que surgem reflexões, clarezas, ideias, curas silenciosas. É nessa intimidade que percebemos o que queremos manter e o que já não faz sentido carregar.

Se relacionar com o próprio infinito particular exige escuta. E escutar exige tempo, silêncio e presença — todos elementos que as pequenas rotinas de prazer podem oferecer.

Prazer como fonte de equilíbrio

Não é egoísmo se priorizar. É autocuidado. Uma rotina cheia, sem espaços de prazer, vira um campo de exaustão. Aos poucos, a vida vai perdendo cor, e a gente vai se afastando da nossa essência. O prazer, quando cultivado com intenção, não é fuga — é retorno. É refúgio. É energia para seguir em frente.

Quando a gente se permite sentir prazer em estar consigo, a solidão muda de cor. Ela se torna um lugar de aconchego, não de vazio. E isso muda tudo. Porque quem gosta da própria companhia não aceita qualquer coisa para fugir dela.

Começar pequeno é começar certo

Não é preciso mudar tudo de uma vez. Basta escolher um momento do dia para ser seu. Um ritual matinal, uma pausa no fim da tarde, cinco minutos de música no escuro. O importante é que seja seu, com presença e intenção. Aos poucos, esses pequenos atos se somam e constroem um espaço interno mais acolhedor.

O prazer de ser sua própria companhia

No fim das contas, é isso: aprender a ser sua própria companhia é um dos maiores presentes que se pode dar. E ele começa nas pequenas coisas. Nas rotinas sutis que, mesmo sem alarde, transformam. Porque o amor-próprio não mora só nas grandes declarações, mas nos gestos miúdos que fazemos por nós, dia após dia.

Cultivar seu infinito particular não é um luxo. É uma necessidade. E os pequenos prazeres que você oferece a si mesmo são as sementes dessa floresta íntima, onde você pode sempre voltar para respirar, sentir e lembrar: você é casa.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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