Pentecostais atraem jovens e impulsionam salto de 43% de evangélicos em MS
“É nesse espaço que eles reencontram sentido, direção e esperança”, afirma pastor
Com postura mais flexível quanto a “usos e costumes”, além da estética moderninha nos templos para transmissão nas redes sociais, as igrejas neopentecostais e pentecostais se destacam no mosaico da fé, atraindo o público jovem.
RESUMO
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O número de evangélicos em Mato Grosso do Sul cresceu 43,1%, saltando de 533.402 para 763.096 fiéis, segundo dados do Censo 2022. As igrejas neopentecostais e pentecostais têm atraído principalmente o público jovem, com uma abordagem mais flexível e moderna. Os templos apostam em estética contemporânea, com iluminação especial e transmissões nas redes sociais. As celebrações incluem diversos estilos musicais e atividades voltadas para jovens, que buscam nas igrejas soluções para problemas pessoais, acolhimento e propósito de vida.
O crescimento do rebanho de fiéis foi medido pelo Censo 2022, cujo resultado foi divulgado neste ano. Em Mato Grosso do Sul, o número de evangélicos saltou 43,1%, passando de 533.402 para 763.096.
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“A participação dos jovens tem acompanhado essa tendência mostrada no último Censo. Existe sede pelo conhecimento. A igreja tem esse papel essencial de apontar o caminho, não o da imposição, mas o da inspiração, do acolhimento e do propósito. É nesse espaço que muitos jovens reencontram sentido, direção e esperança”, afirma o pastor Wilton Acosta, da Igreja Veredas do Reino Campo Grande, localizada na Vila Margarida.
Ele explica que, dentre os evangélicos, existem várias “tribos”. Como as igrejas históricas (Presbiteriana, Batista, Metodista, Luterana), de um perfil de culto mais tradicional; as pentecostais, onde há manifestação de dons em línguas, músicas mais agitadas; e as neopentecostais, cujos louvores comportam vários estilos musicais, como o rock, e ações focadas nos jovens. A estética é diferente, com paredes escuras e iluminação especial para garantir a qualidade da imagem na transmissão pelas redes sociais.
Conforme o pastor, há o perfil de quem já acompanha a família na fé, frequentando a igreja desde a infância. E também há os jovens que são alcançados pela palavra de Deus e levam a família para o templo.
“O ambiente da igreja é muito favorável para o jovem. Sem violência, sem drogas, afirma Acosta. Na Veredas do Reino, o culto para os jovens acontece às 19h dos sábados. A celebração tem um nome especial: “Brado”.
Líder de jovens, o missionário Kauê Reuel, 32 anos, aponta que a procura dessa faixa etária pela igreja tem múltiplas explicações. “É uma pergunta que tem várias respostas, mas retiros, acampamentos e outras atividades são secundários. Acredito que o estado mental e social tem trazido mais jovens para a igreja. Como uma solução para os problemas que eles enfrentam em casa, na sociedade. No final, o que tem feito os jovens permanecerem é a igreja oferecer a solução que eles não encontram fora. Quando você oferece algo melhor, o que é sem importância se torna pequeno, sem sentido”.
Presidente da Juventude Batista de Mato Grosso do Sul, Salatiel Marcos Martins Duailibi afirma que vencida a dificuldade inicial, que é o jovem ir para a igreja, se torna um público que tem vontade de voltar. Segundo ele, eventos são importantes, mas o preponderante é o acompanhamento dos jovens no dia a dia. “É a vida na vida. Conseguir transmitir para eles o amar a Jesus”.
Na Igreja Sara Nossa Terra, o ministério para adolescentes e jovens foi batizado de Arena. O grupo reúne 1.500 participantes.
“Com certeza, a gente tem visto um grande aumento na busca dos jovens por experiências reais com Deus. Momentos profundos, de intimidade e vivência. Nós temos tido cada vez mais vigílias, com os jovens em busca desse encontro com Deus”, afirma o pastor Marcos Tonetti.

“Me sentia sozinha e sem ninguém” - Mariane Oliveira Sobral, de 18 anos, conta que decidiu procurar a igreja ainda adolescente, quando tinha 14 anos. “Me sentia sozinha e sem ninguém. Tentei suicídio naquela época. Na igreja, encontrei o amor de Cristo, me conectei verdadeiramente com a presença de Deus, sem contar os valores e princípios que aprendi desde então”.
Ela decidiu permanecer na fé ao se reconhecer como filha de Deus. “Pois acredito que isso faz parte de mim, não a igreja, mas a vida com Jesus, sem Ele, eu ainda estaria em depressão e nem saberia a minha identidade, hoje entendo que sou filha d’Ele. Também na igreja, encontrei amigos e verdadeiros irmãos em Cristo”.
Para Victor Deserto, 28 anos, o acolhimento foi um diferencial na Igreja Veredas do Reino. “Eu era católico. Mas, no fim do ano passado, comecei a ir aos cultos da igreja porque um casal de amigos participava. A maior parte da minha família é católica e bem tradicional, mas meus pais aceitaram tranquilamente, pois viram que me fazia bem. Deus me resgatou, me transformou. Eu que era cheio de vícios, fazendo coisas sem limites, bebendo e em busca por mulheres, tudo por algo momentâneo”.
O jovem relata que foi tocado pela leitura do evangelho. “Cada vez mais eu estou em busca de conhecimento, lendo livros, lendo a Bíblia, para que possa evangelizar e que mais pessoas possam ouvir a palavra de Deus, à qual devemos ser obedientes”.
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