Secretário admite falha e ação "equivocada" de guardas em protesto
Três guardas foram afastados do serviço de rua enquanto processo administrativo tramitar, em prazo de 60 dias
O titula da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), Valério Azambuja, admitiu que houve “falha de procedimento” na ação de três guardas municipais na contenção de protesto no Terminal Morenão na sexta-feira (15).
“Eles avaliaram o que eu deveria ser feito e avaliaram de forma equivocada”, disse Azambuja, em entrevista esta manhã, com participação do comandante da Guarda Municipal Anderson Gonzaga e do comandante do GPI (Grupo de Pronta Intervenção), Jair Viana.
Hoje, em edição extra, foi publicado o afastamento preventivo dos três guardas municipais envolvidos no caso, “diante da gravidade dos fatos”. Eles permanecerão em trabalho administrativo, no prazo de 60 dias, até que se conclua o procedimento administrativo disciplinar. Também foi determinada a suspensão do porte de arma de fogo funcional.
Os nomes não foram publicados no Diogrande, mas, com base na matrícula, o Campo Grande News identificou os guardas como sendo Valdecir de Lima Soares, Robson Ferreira e Silva e Leilson Allan de Souza.
Falha pontual – os três guardas integram o GPI, unidade especial dentro da Guarda Municipal que começou a ser implantada em 2017, mas com trabalho efetivo nas ruas a partir de setembro de 2018.
Valério Azambuja disse que o tipo de manifestação ocorrida no Terminal Morenão não é atribuição do GPI, que deve agir em situações específicas, como evitar invasões em prédios públicos ou dar apoio à polícia em grandes confrontos. “É um grupo treinado, bem específico, não é para resolver briga de UPA ou escola”.
Segundo ele, outras sete bases da guarda poderiam se acionadas no lugar do GPI.
Apesar do treinamento, o secretário admitiu que a ação foi equivocada. Em análise preliminar, Azambuja explicou que, ao chegar no terminal, eles deveriam ter reportado aos superiores a situação, antes de agir. Além disso, estavam em número reduzido frente ao número de manifestantes.
Durante a manifestação, os guardas apontaram a arma de cano longo, calibre 12 (não letal, com balas de borracha) em direção aos manifestantes, na maioria, mulheres. Também utilizaram spray de pimenta para dispersar as pessoas.
Azambuja avaliou que os dois equipamentos de segurança não deveriam ter sido usados na manifestação. “Ambiente não era apropriado para usar spray, tinha muitas pessoas em volta”. Ele acrescentou: “Foi uma falha pontual do grupamento que estamos resolvendo para não voltar a acontecer”.
O comandante do GPI (Grupo de Pronta Intervenção), Jair Viana, disse que os três guardas estão no GPI desde setembro, mas fazem parte da Guarda Municipal desde 2009.
Por conta do ocorrido, estão fazendo parte do curso iniciado no domingo (17) para guardas que querem integrar o GPI. No caso deles, será como um reciclagem. Viana justificou a ação deles como forma de evitar uma situação pior. “Infelizmente pessoas pontuais estavam mais acaloradas e os guardas perceberam que a situação poderia evoluir para algo pior”.
Protesto - Iniciado por volta das 7h40, a manifestação ocorreu na sexta-feira (15), depois que linhas de ônibus demoraram "mais que o normal" para passar, segundo os passageiros. O bloqueio da entrada e saída do terminal durou cerca de 30 minutos. Alguns passageiros esperavam pela linha 072, que liga o Terminal Morenão ao Terminal Nova Bahia, desde às 6h30.
Equipes da guarda municipal foram acionadas para desbloquear o acesso, apontaram arma para os manifestantes e utilizaram spray de pimenta na dispersão. Os usuários queixaram-se da falta de diálogo dos guardas. (Colaborou Fernanda Palheta)