Separadas na infância, irmãs lutam para incluir nome da mãe na certidão
Após crescerem com documentos incompletos, elas tentam restabelecer identidade oficial em mutirão
Um caso inusitado marcou o mutirão “Meu Pai tem Nome”, promovido pela Defensoria Pública em Mato Grosso do Sul no último sábado (16). Três irmãs, que cresceram em condições adversas e com documentos incompletos, se reuniram em busca do reconhecimento da maternidade.
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Quatro irmãs, separadas na infância após a morte da mãe, buscam incluir o nome materno em suas certidões de nascimento. Criadas em condições adversas e com documentos incompletos, elas enfrentaram dificuldades ao longo da vida, como problemas para emitir CPF, matricular-se em escolas e conseguir empregos. A iniciativa partiu de Sirlei, que procurou a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, onde um mutirão ofereceu a chance de realizar testes de DNA e corrigir a filiação. Para as irmãs, a luta não é apenas burocrática, mas uma busca pela identidade e pelo reconhecimento da herança materna.
Naturais do Paraná, as irmãs Silva passaram parte da infância em um acampamento de trabalhadores rurais sem-terra, em Mundo Novo, no interior do Estado. O pai, José da Silva, registrou apenas uma das filhas com o nome da mãe, Maria Evangelista Gama, que faleceu aos 25 anos.
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A primogênita, Maria Aparecida da Silva, de 47 anos, é a única que possui a certidão completa. Coube a ela acompanhar as irmãs no mutirão para a realização do teste de DNA. Ereni Aparecida da Silva Mesquita, de 43 anos, Sirlei Aparecida da Silva, de 41, e Rosilene da Silva, de 40, buscam corrigir a lacuna nos documentos e ter a identidade restituída.
Após a morte da mãe, as meninas foram separadas e entregues para adoção. Mesmo distantes, mantiveram contato e nunca abriram mão do desejo de ver o nome materno reconhecido oficialmente. Foi Sirlei quem deu o primeiro passo ao procurar a Defensoria e, em seguida, avisou as irmãs sobre a oportunidade oferecida no mutirão.
Para Ereni, que percorreu o trajeto de Maracaju até Campo Grande para participar da ação, o objetivo vai além da formalidade dos documentos: “É a busca da minha identidade, de quem sou eu”, disse, emocionada.
A falta do registro materno marcou profundamente a trajetória das quatro. Dificuldades para emitir CPF, efetuar matrículas em escolas e universidades, prestar concursos ou conquistar empregos se repetiram ao longo dos anos. Rosilene conta que um dos momentos mais constrangedores é preencher formulários oficiais em que aparece a expressão “mãe desconhecida” ou “nada consta”.