ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Livres de fiscalização, flanelinhas fazem da rua estacionamento privado

Cuidadores de carro entregam até tíquete que serve como "comprovante de pagamento"

Ricardo Campos Jr. | 24/07/2017 10:25
Flanelinhas agem livremente pelas ruas de Campo Grande (Foto: Alcides Neto / arquivo)
Flanelinhas agem livremente pelas ruas de Campo Grande (Foto: Alcides Neto / arquivo)

Cada vez mais “especializados” e exigindo valores abusivos dos motoristas, flanelinhas agem livremente nas ruas de Campo Grande favorecidos pela falta de fiscalização. Alguns transformam a via pública em estacionamento privado, cobram R$ 10 adiantados do “cliente” e ainda fornecem tíquete com a placa do veículo, que serve como “comprovante de pagamento”.

O problema ocorre em várias regiões da Capital. O Campo Grande News recebeu denúncias da atuação dos chamados “cuidadores de carros” perto de bares e casas noturnas da Avenida Afonso Pena e nas proximidades da Feira Central.

Com medo de terem os veículos depredados ou sofrer algum tipo de retaliação, a população normalmente acaba cedendo sem questionar.

Para não estragar a noite e evitar confusão, não acionam a polícia pelo 190 e tampouco encaram a burocracia para registrar um boletim de ocorrência, que para esses casos não pode ser feito pela internet, apenas pessoalmente na delegacia.

Quem fiscaliza? - O Procon (Procuradoria do Consumidor) afirmou por meio da assessoria de imprensa que a questão dos cuidadores de veículos extrapola a relação de consumo e somente poderia agir se, ao abordar os motoristas, essas pessoas se identificassem como funcionários das casas noturnas ou de outros estabelecimentos, por exemplo.

A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) disse que a questão foge à alçada do órgão por se tratar de caso contra a segurança pública, cabendo então à polícia apurar e coibir esse tipo de crime.

O coronel José Longatto, comandante da BPTran (Batalhão de Polícia de Trânsito), afirma que cobrar dos motoristas para estacionar em via pública sem autorização da prefeitura não é um crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro, e como a divisão age de forma especializada, não cabe a ela apurar esse tipo de situação.

“Essa é uma situação de chamar a polícia, a viatura do atendimento pelo 190, já que isso é uma extorsão, você está obrigando a pessoa a pagar um valor por um serviço que você não quer”.

No Comando Metropolitano da Polícia Militar, a orientação foi a mesma. Ligar para o 190 em casos de flagrante e registrar a ocorrência para que ações possam ser planejadas para coibir a atuação dos flanelinhas. Não há operações específicas contra o ato ilícito.

O delegado Wilton Vilas Boas de Paula , titular da Deops (Delegacia Especializada de Ordem Pública e Social) afirma que cabe à divisão fiscalizar a atuação irregular dos flanelinhas. Contudo, diante dos poucos boletins de ocorrência registrados, não houve no último ano uma operação específica para esse tipo de situação.

“Quando está havendo muitas denúncias, o delegado faz alguma operação pontual. Fora isso, vai de fiscalização rotineira”, explica.

Nesse caso, ao fazer batidas em bares e casas noturnas para apurar ocorrências de som alto, perturbação do sossego, etc, os investigadores, normalmente descaracterizados, aproveitam para observar se existem flanelinhas na região e os abordam.

“Essa profissão de flanelinha, ela é regulamentada. A pessoa que tiver exercendo essa atividade sem autorização, comete exercício ilegal de profissão. Além disso, não pode exigir dinheiro das pessoas, o que também inclui crime de extorsão. Seriam dois ilícitos”, completa.

Nos siga no Google Notícias