Delegada é alvo de injúria racial e ataques machistas
Adepol diz que vai adotar medidas legais contra autores de comentários feitos durante entrevista ao vivo

Adepol (Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul) divulgou, nesta segunda-feira (7), nota de repúdio contra a injúria ocorrida durante uma transmissão ao vivo da página Folha de Dourados, que tinha como entrevistada a delegada adjunta Thays de Bessa.
RESUMO
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A delegada Thays de Bessa, da Polícia Civil de Dourados (MS), foi vítima de injúria racial durante uma transmissão ao vivo na página Folha de Dourados. Durante entrevista sobre um caso de homicídio, um usuário fez comentários discriminatórios sobre sua aparência, comparando-a a uma empregada doméstica. A Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol) emitiu nota de repúdio e anunciou medidas judiciais criminais e cíveis contra o autor das ofensas. O caso, ocorrido em 2 de fevereiro, ganhou repercussão nas redes sociais e destaca a equiparação legal entre injúria racial e racismo, conforme a Lei 14.532/2023.
O vídeo mostrava a policial explicando um homicídio, quando surgiram ataques à sua aparência nos comentários.
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Um usuário escreveu: “Nossa delegada feia, tá mais pra ser empregada doméstica aqui da minha casa que qualquer outra coisa, e tratar ela igual cachorro aqui.” A frase foi classificada pela entidade como injúria racial e motivou a abertura de ações judiciais criminais e cíveis contra o autor.
A delegada também foi chamada de "cracuda" em referência a usuários de crack: ‘Se essa delegada se perder no meio da Cracolândia, será difícil identificá-la pela aparência’. Em outro ataque, homem disse que ela deveria fazer serviços domésticos: "Acho absurdo a mulher deixar a onça solta para combater o crime’.
Em nota, a Adepol considerou o ataque “descabido e covarde” e afirmou que não vai tolerar ofensas contra delegados no exercício da função. “A associação existe para proteger a honra e as prerrogativas de todos os seus membros. Nenhum delegado está sozinho”, diz o texto.
O episódio ocorreu na quinta-feira (2), em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande, durante entrevista sobre uma investigação conduzida pela Polícia Civil. O comentário foi apagado após repercussão, mas as imagens circularam em perfis de apoio à delegada.
O caso reforça a atenção das autoridades a ataques racistas nas redes sociais, que desde a Lei 14.532/2023 passaram a ter a mesma gravidade penal que o crime de racismo, com pena de reclusão.
Veja a íntegra do texto:
"A Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul vem a público se manifestar a respeito de INJÚRIA RACIAL cometida contra servidora pública no exercício da função através de redes sociais em desfavor da Delegada de Polícia associada Thays do Carmo Oliveira de Bessa.
Por meio de página em rede social o usuário publicou texto agressivo, atacando de forma covarde a honra da delegada associada, razão pela qual a Adepol repudia a prática descabida, esclarecendo que todas as medidas judiciais criminais e cíveis de reparação de danos morais estão sendo promovidas em desfavor ao agressor.
A Adepol é instituição permanente de proteção e resguardo das prerrogativas e honra de todos os seus delegados associados e jamais permanecerá inerte ou silente quando ocorrer qualquer ataque, menção inoportuna ou desonrosa, nenhum Delegado de Polícia está sozinho".
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