ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, TERÇA  13    CAMPO GRANDE 29º

Interior

Ex-vice-prefeito e ex-vereador são condenados por vender lote da reforma agrária

Área do Incra foi comercializada para virar bairro em Nova Alvorada do Sul

Por Aline dos Santos e Helio de Freitas, de Dourados | 13/05/2025 09:35
Ex-vice-prefeito e ex-vereador são condenados por vender lote da reforma agrária
Loteamento foi "vendido" como bairro, mas é área para a reforma agrária. (Foto: Correio do MS)

A Justiça Federal condenou o ex-vice-prefeito de Nova Alvorada do Sul, Moizes Neres de Sousa, e o seu sobrinho, ex-vereador Luciano Dias da Rocha, o Luciano da Pana, por venda de 186 lotes destinados à reforma agrária.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Justiça Federal condenou o ex-vice-prefeito de Nova Alvorada do Sul, Moizes Neres de Sousa, e seu sobrinho, ex-vereador Luciano Dias da Rocha, por vender 186 lotes destinados à reforma agrária. A sentença também incluiu Jorge Fernandes Guimarães e Rogério Casarotto, envolvidos no esquema de venda ilícita de terrenos do Assentamento Pana. As irregularidades incluem a criação de um loteamento urbano clandestino e a utilização de influência política para viabilizar os crimes. Moizes recebeu a maior pena, de seis anos e quatro meses, enquanto os outros réus tiveram penas menores, convertidas em restritivas de direitos. A ação de reintegração de posse pelo Incra está em andamento.

A sentença da 2ª Vara Federal de Dourados ainda condenou Jorge Fernandes Guimarães e Rogério Casarotto por participação no esquema.

Conforme a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), os fatos ocorreram a partir de julho de 2015, envolvendo a venda ilícita de lotes do Assentamento Pana, área sob domínio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Para dar ares de movimento social ao comércio ilícito de terrenos em lote de assentamento rural, Moizes contou com o auxílio de Jorge e Rogério, respectivamente presidente e vice-presidente da Associação de Moradores do Pana.

Foram apuradas as seguintes irregularidades: implantação de loteamento urbano clandestino sem autorização do instituto e da prefeitura; alienação de imóveis sem titularidade legal, pertencentes à União; utilização de influência política, cargos públicos e estrutura municipal para viabilizar os crimes;

Além de produção de documentos simulados para fins de regularização aparente e convencimento de compradores; e desvio de finalidade de associação civil (Associação de Moradores do Pana) para mascarar atos de comercialização irregular. Num dos casos, a compra do lote envolveu casa avaliada em R$ 70 mil. Noutra aquisição, foi negociado imóvel de R$ 80 mil.

Maquinário público foi mobilizado para abertura de ruas no loteamento, gerando falsa expectativa de regularização do local, batizado de Bairro Nobre.

As condenações foram por parcelamento irregular do solo e estelionato. A maior pena foi para Moizes: seis anos e quatro meses, em regime semiaberto.  Jorge Fernandes Guimarães foi condenado a quatro anos (regime aberto). A pena para Rogério Casarotto e Luciano Dias da Rocha foi de dois anos (regime aberto).

Na sequência, o juiz federal Vitor Henrique Fernandez converteu as penas privativas de liberdade para Jorge, Rogério e Luciano em restritiva de direitos. Jorge deverá pagar três salários-mínimos e prestar serviço à comunidade. Ao outros dois pagarão dois salários-mínimos.

O réu Fábio Mendes Fernandes foi absolvido por faltas de provas suficientes para condenação.

O magistrado destacou que 186 pessoas acabaram por se instalar de forma precária no local, construindo moradias à margem da lei, podendo perder todos os seus esforços com a retomada do bem público. Está em curso ação de reintegração de posse por parte do Incra.

No processo, os réus pediram a improcedência da denúncia e absolvição. A reportagem não conseguiu contato com as defesas.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.


Nos siga no Google Notícias