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Economia

Contrariando IBGE, MS espera crescer mais que previsto ao mudar base econômica

IBGE projeta só 3,8 mil habitantes a mais por ano; boom da celulose pode ajudar a mudar os números

Por Ângela Kempfer e Izabela Cavalcanti | 22/07/2025 13:27
Contrariando IBGE, MS espera crescer mais que previsto ao mudar base econômica
Imagem mostra muitas pessoas andando no Centro de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

O panorama nacional é de marcha ré em 11 estados brasileiros quando o assunto é população. Mato Grosso do Sul aparece entre os 6 que devem escapar desse apagão demográfico, com incremento no número de habitantes, porém, extremamente modesto. A previsão do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é que sejam mais 172,2 mil pessoas vivendo por aqui nos próximo 45 anos. É como ganhar 3,8 mil pessoas por ano, número muito baixo diante das expectativas do governo estadual.

A população total no Estado é de 2,9 milhões, podendo atingir 3,2 milhões em 2052. A partir de 2053, a população diminuirá até atingir 3,09 milhões em 2070.

A estimativa contrasta com a expansão econômica do Estado, tendo como iniciativas a Rota Bioceânica, a instalação de fábricas de celulose e investimentos em economia verde, especialmente na produção de biodiesel. Com isso, o Governo do Estado aposta em um cenário bem mais acelerado.

O titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, acredita que Mato Grosso do Sul deve ultrapassar essa projeção.

“Colocando num cenário, vamos ter indústrias de celulose, aumento de frigorífico, aumento de estrutura, aumento de bioenergia, temos crescimento de 5% do PIB. Nós não temos uma taxa, mas esse cenário indica um crescimento populacional superior a esse projetado pelas regras, focado na migração. A ideia é da fixação dessas pessoas em Mato Grosso do Sul. Esse cenário cria uma possibilidade de aumentar o número de residentes no estado de Mato Grosso do Sul”, pontuou. Ele também afirma que os dados estão estatisticamente corretos e servem como base para se ter o número oficial da população e eleitores, por exemplo.

Conforme o secretário explica, as pessoas que chegam com os grandes projetos, não incluem como população sul-mato-grossense.

“É comum ouvir nos municípios ‘aqui tem mais gente’, ‘tem muita estrutura’, mas é importante colocar que essa população volante dos grandes projetos, não imputa como população sul-mato-grossense, porque são pessoas de outros estados que vão estar transitoriamente aqui”, disse.

Mato Grosso do Sul tem uma baixa densidade populacional, com 75% da população focada em dez municípios. “Percebe claramente que existe uma concentração da população e as taxas de crescimento das cidades maiores são superiores às das pequenas cidades. A tendência, do ponto de vista de médio e longo prazo, é aumentar a população concentrando nas cidades maiores”, completou.

Com isso, uma das estratégias que o Governo do Estado utiliza, por meio do MS Ativa, é oferecer infraestrutura adequada aos municípios menores, a fim de manter essas pessoas nas cidades e evitar que se mudem.

Na visão do economista Odirlei Fernando Dal Moro, mesmo com a projeção de crescimento populacional, considerada pouca a cada ano, o número pode mudar a depender dos investimentos previstos.

“O número de habitantes de uma região pode variar levando-se em consideração diversos fatores, um deles é o econômico. Caso o nível de investimentos do estado cresça e repercuta no crescimento econômico, naturalmente o número de empregos tende a crescer e com isso atrair pessoas de outras regiões. Quando uma região como MS realiza investimento é natural que o número de habitantes do estado cresça mais que de outros estados, por conta da vinda de pessoas de outras regiões”, pontuou.

Isso diz respeito ao processo de industrialização no Estado, que terá como consequência o aumento da população. “O processo de industrialização do estado poderá provocar uma expansão populacional, é praticamente natural isso, seja direta ou indiretamente. A indústria em si, por mais que seja cada vez mais poupadores de mão de obra, acaba por estimular outros setores econômicos indiretamente”, explicou.

O Brasil deverá atingir o pico populacional em 2041, com aproximadamente 220,4 milhões de habitantes, e então iniciar uma trajetória de queda que levará o total a 199,2 milhões em 2070. A freada decorre de menos nascimentos, envelhecimento acelerado e migração de saída em boa parte do território.

Os resistentes são Santa Catarina, com mais 2.3 milhões, Mato Grosso, com 1,4 milhão, Goiás, com 901,5 mil, Amazonas com 385,3 mil, Roraima com 335,9 mil. Mato Grosso do Sul aparece com os menores números nessa parte positiva da tabela. É o último no ranking de crescimento.

Contrariando IBGE, MS espera crescer mais que previsto ao mudar base econômica
Secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Rodrigo Perez, explica cenário de expansão (Foto: Alex Machado/arquivo))

Para o secretário Rodrigo Perez, da SGGE (Secretaria de Governo e Gestão Estratégica), as projeções do IBGE não captam a velocidade dessa transformação: mudanças econômicas estruturais podem puxar o crescimento populacional acima do previsto. Projetos como a Rota Bioceânica e os novos parques de celulose, além de aportes em bioenergia e infraestrutura, estão tornando Mato Grosso do Sul mais atraente para profissionais qualificados de outros estados, reforça.

Segundo Perez, a combinação de grandes investimentos privados em mineração, alimentos, frigoríficos e logística vem gerando empregos com salários acima da média e estimulando migração de mão de obra especializada. Ele cita como exemplo empresas de celulose que contratam com remuneração elevada e a ampliação de plantas do setor de proteína animal em Campo Grande e Dourados, com expectativa de mais de 4 mil vagas diretas.

O secretário destaca que não se trata de um boom isolado, mas de diversificação econômica: papel e celulose, alimentos e obras de infraestrutura avançam juntos. O reflexo aparece nas estatísticas: até maio, o Estado acumulou 20.898 postos formais. Para ele, o saldo positivo é fruto de emprego com carteira, renda em alta e qualidade de vida que consolidam MS como destino para quem busca estabilidade e bons salários.

Crescimento modesto - Com uma população estimada em 2.901.895 habitantes, Mato Grosso do Sul deve chegar a 3,09 milhões em 2070. O avanço de 6,7 % é praticamente a metade do verificado em 12 anos, de acordo com os censos de 2010 e 2022, quando a variação foi de 12,6 % no período, o que equivale a uma média aproximada de 25,7 mil novos habitantes por ano, contra 18,1 mil previstos por ano até 2070. Apesar de parecer pequeno, contrasta com a retração prevista em onze estados.

São Paulo deve perder 5,4 milhões de habitantes, e o Rio  de  Janeiro outros 2,7 milhões. Proporcionalmente, o Rio Grande do Sul tende a encolher quase 19 %.

Entre 2017 e 2022, o saldo migratório sul‑mato‑grossense foi positivo em quase 49 mil pessoas. O agronegócio, o polo urbano de Campo Grande e plantas de celulose atraíram mão de obra, compensando a queda na taxa de fecundidade.

Santa Catarina lidera a projeção de ganhos populacionais graças ao baixo desemprego e a redes de contato que puxam conhecidos para o estado. Em escala menor, o mesmo fenômeno começa a acontecer no Centro‑Oeste.

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