Maior campeã do Carnaval, Igrejinha faz 50 anos com tributo a integrantes
Em 50 anos, Escola ajudou a contar a história de MS levando para a avenida enredos que exaltaram o Estado
Dona do maior número de títulos do Carnaval de Campo Grande, a Igrejinha completa meio século de batuque neste ano. Para celebrar os 50 anos de história, a escola de samba homenageou, na noite desta terça-feira (15), 120 personalidades que contribuíram para a construção da trajetória da maior campeã do Carnaval, que acumula 24 títulos em cinco décadas de avenida.
Fundada em 12 de maio de 1975 por um grupo de ferroviários, a Igrejinha desfilou pela primeira vez apenas no ano seguinte. Ao longo dos anos, ajudou a contar a história de Mato Grosso do Sul, levando à avenida do samba enredos que exaltaram o Estado, relembraram lendas urbanas e homenagearam personalidades locais.
Entre os homenageados do cinquentenário estava Edson Carlos Contar, poeta e compositor que escreveu 12 sambas para a Igrejinha, todos campeões. Ele recorda com carinho o início de sua relação com a escola.
"Eu era secretário do Governo do Estado e, naquela época, o Carnaval de Campo Grande era praticamente um bloco, não havia julgamento com quesitos como no Rio. Fui eu quem trouxe o regulamento do Rio para cá. Na primeira vez em que fiz samba, escrevi para todas as escolas, mas depois escolhi ficar com a Igrejinha", contou.
O primeiro samba-enredo que Edson escreveu para a escola foi em 1978, com o título "Nasce uma estrela e surge um Estado", homenageando a criação de Mato Grosso do Sul. Depois disso, vieram outros, como "Um mundo em fotos", "Tudo com a sua história" e o mais famoso, "Maria Fumaça e seus Heróis", que virou hino.
"Eu me apaixonei pela humildade da escola. Era pobre, com muita dificuldade, e o pessoal se dedicava de alma. Decidi ajudar esse povo aqui, e assim fiquei", lembrou Edson, hoje com 85 anos.
Ele se orgulha de ter o nome eternizado no palco da quadra. "O palco da escola tem meu nome. É uma alegria ser lembrado depois de 50 anos. O que vale na vida é isso: o que você passa e o que deixa. É um orgulho não só de mim, mas de todos que ajudaram a fazer a Igrejinha ser o que ela é hoje", acrescenta.
Mariza Fontoura Ocampos, atual presidente da escola, conheceu a Igrejinha em 1981, quando trabalhou com Edson Contar, seu primeiro chefe. "Foi meu primeiro emprego, e o Edson me contagiou com o amor pela Igrejinha", contou.
Mariza destaca os momentos mais marcantes: os títulos conquistados em 2014 e 2015, com enredos que homenagearam a comunidade Tia Eva e o próprio Edson Contar.
"Acredito que o segredo para chegar aos 50 anos é a boa administração e a dedicação de todos os dirigentes que passaram. A Igrejinha é uma escola do povão, aberta, popular, que todos os anos coloca cerca de 500 a 600 integrantes desfilando. Não é só Carnaval, é trabalho o ano inteiro", reforçou.
Também homenageado, o ex-passista Ademar Cardoso de Andrade, hoje com 63 anos, lembrou dos anos de energia intensa na avenida. "Das sete vezes que desfilei, três foram pela Igrejinha. Eu sempre gostei de dançar e acabei me apaixonado pelo samba", pontuou.
Há mais de 20 anos Ademar não desfila mais, mas deixou o nome marcado no samba e ficou famoso pelos passos acrobáticos que fazia na avenida.
"Eu ficava agachado e a passista subia nas minhas costas com salto alto. Às vezes ela colocava um pé na minha coxa e outro na clavícula. O público delirava. Era samba misturado com acrobacia, um negócio que nem no Rio eu via. Era lindo", lembra.
Sobre receber a homenagem, ele confessa a emoção. "Minha cabeça dá um nó. Eu sempre fui apaixonado por música internacional, mas fui reconhecido pelo samba. Me sinto honrado, isso mexe comigo e me faz querer me dedicar mais à música brasileira", avalia.
A noite foi marcada por reencontros, abraços apertados e lembranças de cinco décadas de história e resistência no samba. No dia 26 de julho, a escola de samba apresentará ao público o samba enredo do Carnaval de 2026.
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