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Meio Ambiente

Por que sempre alaga nos mesmos bairros? Estudo técnico de 2020 explica

Levantamento geotécnico aponta pontos da cidade com alta suscetibilidade à inundação

Por Kamila Alcântara | 16/11/2025 08:10
Por que sempre alaga nos mesmos bairros? Estudo técnico de 2020 explica
Adolescente caminha em ponto de alagamento na Avenida José Barbosa Rodrigues, região do Jardim Paramá, bacia do Imbirussu (Foto: Osmar Veiga)

A onda de chuvas que atinge Campo Grande reacendeu uma discussão antiga: quais áreas da cidade têm maior risco natural de alagamentos? A resposta não é nova. A Carta Geotécnica de Campo Grande, atualizada pela Prefeitura em 2020, já mapeava com precisão os pontos mais vulneráveis. O estudo pode ser consultado clicando aqui.

RESUMO

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Um estudo da Prefeitura de Campo Grande, atualizado em 2020, já identificava as áreas mais críticas de alagamento na cidade. A Carta Geotécnica, elaborada por especialistas, apontou regiões próximas a córregos como Imbirussu, Lagoa, Gameleira e Três Barras como as mais vulneráveis, devido ao solo argiloso e relevo plano. Bairros como Buriti, Tijuca, Jardim Centenário e Mata do Jacinto estão entre os mais afetados. O documento serve como diretriz para o planejamento urbano, mas exige verificações locais antes de obras. A gestão municipal não se manifestou sobre a atualização do estudo.

O estudo técnico foi elaborado pela empresa Hidrosul Ambiental Serviços Geológicos Ltda – EPP, contratada pela administração municipal, com coordenação do geólogo Flávio de Paula e Silva e do geólogo Márcio Costa Alberto, que assinam o produto como consultores.

Também fizeram parte da equipe o geólogo Milton Medeiros Saratt, coordenador administrativo do projeto, e um grupo multidisciplinar de engenheiros, arquitetos, geógrafos e biólogos da Hidrosul. A atualização foi acompanhada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), sob contrato firmado em 2019.

Segundo o documento técnico, é evidente que regiões próximas aos córregos Imbirussu, Lagoa, Gameleira e Três Barras apresentam alta suscetibilidade à inundação. Mas outras condições pioram a situação nessas áreas. Elas aparecem no mapa como zonas onde o relevo é plano, a declividade é baixa e o solo é predominantemente argiloso, condição que retarda a infiltração da água e facilita o acúmulo após chuvas intensas.

Os especialistas observam que, nessas condições, mesmo chuvas de menor duração podem gerar escoamento superficial rápido, sobrecarregar galerias e propiciar transbordamentos.

Quando traduzidas para o território urbano, essas bacias abrangem bairros que hoje vivem episódios recorrentes de alagamento.

No Imbirussu, entram regiões como Buriti, Imbirussu, Indubrasil, Santo Antônio, Nova Campo Grande e Jardim Panamá. No entorno do córrego Lagoa, áreas como Tijuca, Taquarussu, Jardim Paulista, Coophatrabalho e Aero Rancho tendem a registrar problemas sempre que a chuva é mais forte.

Por que sempre alaga nos mesmos bairros? Estudo técnico de 2020 explica
Rua Purus, no Jardim Columbia em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

Na bacia do Gameleira, o risco se distribui por bairros como Jardim Centenário, Antártica, Colúmbia e Moreninhas, enquanto a bacia do Três Barras abrange Mata do Jacinto, Novos Estados, Santa Fé e Três Barras, entre outros.

Além da suscetibilidade a alagamentos, a Carta Geotécnica também identifica zonas vulneráveis à erosão e classifica o território em dez unidades homogêneas de comportamento geotécnico, destinadas a orientar o planejamento urbano e o avanço da ocupação.

Apesar de apresentar recomendações detalhadas, a equipe responsável alerta que o documento não substitui estudos de campo específicos, mas funciona como diretriz para o poder público e para a expansão urbana. A própria versão final ressalta que o mapeamento ajuda a “escolher possíveis locais para determinadas atividades”, mas sempre requer verificação local antes de obras ou autorizações.

O Campo Grande News entrou em contato com a gestão municipal sobre a atualização desse estudo e se ele é levado em consideração na temporada de chuva. Até a publicação desta reportagem não houve retorno, mas o espaço está aberto para esclarecimentos.

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