ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
SETEMBRO, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 31º

Política

Deputados tentam oficializar “bico” ou pagar extra para PMs ganharem mais

Henrique Catan quer autorizar serviço fora da corporação e Coronel David defende mais horas trabalhadas

Por Ketlen Gomes | 19/09/2025 06:39
Deputados tentam oficializar “bico” ou pagar extra para PMs ganharem mais
Deputados apresentam projetos diferentes que visam aumentar renda de policiais militares e acabar com "bicos". (Foto: Juliano Almeida)

Nesta quinta-feira (18), voltou à pauta da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) a discussão sobre a autorização para que policiais militares prestem serviço extrajornada, os chamados “bicos”.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul volta a discutir a autorização para policiais militares prestarem serviços extras, conhecidos como "bicos". O Projeto de Lei Complementar nº 8/2025, apresentado pelo deputado João Henrique Catan, propõe alterar o Estatuto dos Militares Estaduais para permitir trabalhos remunerados em segurança privada. Paralelamente, o deputado Coronel David apresentou aos comandantes das polícias e ao secretário de Justiça um anteprojeto que visa substituir os "bicos" por um regime de horas extras. A proposta busca reforçar o efetivo policial em horários de maior demanda, seguindo modelos já adotados em São Paulo e Rio de Janeiro.

O deputado João Henrique Catan (PL) apresentou o Projeto de Lei Complementar nº 8/2025, que pretende alterar o artigo 47 da Lei Complementar nº 53/1990 e liberar PMs para trabalhos remunerados em atividades externas, como segurança privada, escolta e vigilância em eventos.

Essa não é a primeira vez que o tema chega ao Legislativo. Em 2022, o deputado Coronel David (PL) apresentou uma proposta para criar um Regime Especial de Trabalho, justamente para substituir o bico, mas a medida não avançou.

Enquanto Catan propõe regularizar a prática em atividades privadas, David defende caminho oposto. À reportagem, o ex-comandante da PM explicou que apresentou aos comandantes das polícias e ao secretário de Justiça, Antônio Carlos Videira, um anteprojeto que prevê a extinção do bico e a adoção de horas extras institucionais.

“Nos horários de pico, teríamos um número muito maior de viaturas e de policiais militares e bombeiros em atendimento às solicitações da população”, afirmou. Segundo David, o modelo segue exemplos de estados como São Paulo e Rio de Janeiro e “permite usar os policiais de forma racional, sem explorar o período de descanso”.

Como envolve custos diretos para o Executivo, o parlamentar ressaltou que não pode protocolar o texto na Assembleia e, por isso, levou a proposta ao comando das corporações, ao secretário de Justiça e pretende apresentá-la também ao governador Eduardo Riedel (PP).

Deputados tentam oficializar “bico” ou pagar extra para PMs ganharem mais
Deputados Coronel David e João Henrique Catan, ambos do PL, em sessão parlamentar na Alems. (Foto: Luciana Nassar)

A proposta de Catan

O texto apresentado nesta quinta-feira estabelece que só poderão ser prestados serviços mediante autorização prévia da autoridade competente e sob regulamentação. O pagamento seria feito por meio de diárias ou indenizações específicas, sem incorporação ao salário, evitando impacto fiscal e previdenciário.

Na justificativa, Catan afirma que a medida valoriza a categoria ao reconhecer financeiramente atividades adicionais que utilizam a experiência e a qualificação técnica dos policiais. Para ele, a mudança “alinha a legislação estadual às necessidades contemporâneas de segurança pública”.

O que diz a lei hoje

Atualmente, o Estatuto dos Militares de MS não permite policiais em atividades privadas de segurança, mantendo o regime de dedicação exclusiva. Em âmbito nacional, tanto o Regulamento das Polícias Militares (Decreto 88.777/1983) quanto a Lei da Segurança Privada (Lei 7.102/1983) também proíbem militares da ativa de atuarem em empresas privadas.

Na prática, o bico sempre existiu, mas é considerado irregular e pode gerar sanções administrativas. O STJ já decidiu que descumprir a norma pode configurar crime militar por inobservância de regulamento. Em Mato Grosso do Sul, a própria PM reconhece que escalas longas de folga favorecem a prática, embora oficialmente não a autorize.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.