Carreata leva fé e emoção pelas ruas de Campo Grande no Dia de Nossa Senhora

O som das buzinas se misturava às orações na tarde deste domingo (12), quando a Praça do Papa, em Campo Grande, virou ponto de partida para uma demonstração de fé e gratidão. Às 15h30, dezenas de carros e motos começaram a sair em carreata pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.

O cortejo seguiu pelas avenidas Presidente Vargas, Júlio de Castilho e Bahia, cruzando o centro da cidade até chegar à Avenida Tamandaré, na Vila Planalto, onde terminou com a bênção dos veículos em frente à igreja que leva o nome da santa, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

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“Vamos circular Campo Grande pedindo que Nossa Senhora abençoe cada morador. É um ato de fé e de gratidão”, disse o padre Jair da Conceição Máximo, que conduz a paróquia há mais de uma década. Segundo ele, o evento cresce a cada ano. “Em 2023, tivemos cerca de 260 carros. Quanto mais bênçãos, mais a cidade será fortalecida.”

No meio da multidão, a assistente de educação infantil Vangeline Batista, de 47 anos, acompanhava o movimento com os olhos marejados. “Todo ano eu venho. Desta vez, pra agradecer a Nossa Senhora por uma bênção muito especial: consegui a guarda da minha afilhada, que sempre criei como filha”, contou, abraçada à jovem Maria Eduarda, de 17 anos. “É uma nova filha, uma nova fase. Vim agradecer por ela, pela saúde e pela nossa família.”

À frente, o peão Rilto de Oliveira, de 48 anos, conduzia uma moto que chamava a atenção. As costas do homem estavam cobertas pela bandeira do Brasil e, no capacete, outra de Nossa Senhora. “Todo ano eu venho, com a graça de Deus. Nossa Senhora dá bênção todo dia e toda hora. Assim como você tá falando comigo agora — isso já é uma bênção”, disse. “Ela é a padroeira do Brasil… do mundo!”

O estudante Gaspar Antunes, de 24 anos, ajudava a enfeitar os carros com balões azuis e brancos. Mesmo vindo de outra comunidade, a do Perpétuo Socorro, quis participar. “A gente serviu alguns dias na novena e quis vir também na carreata. Ela é a padroeira do Brasil, e essa fé une todo mundo”, contou.

Atrás dele, entre terços e cânticos, a lavadeira Cleusa Ferreira dos Santos, de 71 anos, observava o cortejo com a serenidade de quem carrega a fé por uma vida inteira. “A Mãe Aparecida é a padroeira do Brasil, da nossa pátria. Sou devota até morrer e depois também”, disse, segurando o terço com as mãos calejadas.

A voz embargada ganhou força quando ela recordou a origem da santa. “Ela apareceu negra, no rio Paraíba do Sul, para salvar os escravos que os portugueses trouxeram para cá. Foram eles que construíram o Brasil, os africanos. E a mãe Aparecida é a mãe desse povo. Sofreu como eles sofreram. Passou fome, sede, andando assim quieta, de cabeça baixa. É a padroeira do Brasil, da nossa terra, da nossa história”, contou.

Durante o trajeto, moradores saíam às calçadas para acenar, e as buzinas se misturavam aos cânticos e aplausos. Ao final da tarde, já na Vila Planalto, o padre Jair reúne os carros para a bênção.

“É um dia de renovar a fé e a esperança”, resumiu o sacerdote. “Nossa Senhora Aparecida continua a percorrer conosco as estradas da vida. E hoje, mais uma vez, Campo Grande andou com ela.”

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