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GPS é copiloto obrigatório que aumenta as multas e os riscos diários no trânsito

Uso de celular no volante já gerou 27 mil registros de infrações, de janeiro a novembro deste ano

Por Izabela Cavalcanti | 24/11/2025 16:30
GPS é copiloto obrigatório que aumenta as multas e os riscos diários no trânsito
Motorista mexendo em aplicativo em celular fixado no suporte (Foto: Osmar Veiga)

O GPS deixou de ser apenas um acessório útil para viagens e se tornou “copiloto obrigatório” para os motoristas, principalmente os de aplicativos. O localizador se faz necessário para praticamente tudo: encontrar o passageiro, calcular a rota, prever o tempo de chegada e escolher caminhos com menos trânsito.

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O uso do GPS tornou-se indispensável para motoristas de aplicativo, sendo fundamental para localizar passageiros, calcular rotas e prever tempos de chegada. No entanto, essa dependência traz desafios relacionados à segurança no trânsito e ao cumprimento da legislação. Em Mato Grosso do Sul, foram registradas 27.041 multas por uso de celular ao volante entre janeiro e novembro de 2025. A infração pode resultar em penalidades que variam de R$ 130,16 a R$ 293,47, além de pontos na carteira de habilitação, dependendo da forma como o dispositivo é utilizado durante a condução do veículo.

Por outro lado, essa dependência traz impactos na mobilidade urbana, riscos ligados ao uso do celular em movimento e o desafio de cumprir a lei ao mesmo tempo em que precisam do aparelho como ferramenta de trabalho.

Conforme dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), de janeiro a novembro de 2025 já foram contabilizadas 27.041 multas por uso de celular ao volante. No ano passado, o número foi 36.663.

Desse total, em Campo Grande, a quantidade de infrações chega a 15.166 neste ano, enquanto em 2024 foi de 22.073.

Em relação à quantidade de pessoas que têm a observação EAR (Exerce Atividade Remunerada) na CNH (Carteira Nacional de Habilitação), são 91.400 em Campo Grande. Esses dados são da Applic/MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul).

O motorista de aplicativo Ivan Elias França, de 52 anos, conta que, apesar de usar o GPS diariamente, prefere confiar na experiência de quem já conhece bem a cidade.

“Eu tenho independência. Alguns lugares eu já conheço; até procuro fazer outras rotas, porque o GPS induz a gente a fazer uma rota, mas, conhecendo a cidade, faço outro trajeto que é muito mais curto. Ele não é tão preciso, mas ajuda, sim”, explicou.

GPS é copiloto obrigatório que aumenta as multas e os riscos diários no trânsito
Ivan, com a moto estacionada, usando aplicativo de transporte e mobilidade (Foto: Geniffer Valeriano)

Ivan admite que o uso do GPS pode atrapalhar em alguns momentos. “Às vezes, sim, porque precisa dar uma olhada melhor no número, ver a localização. Mas não é nada que impeça de prestar atenção no trânsito. Depende muito da posição em que coloca o celular no suporte”, disse.

Ele garante que evita ao máximo manipular o celular em movimento. “Eu nunca manipulo enquanto estou no trânsito. Prefiro parar e olhar, fazer o que tem que fazer. Agora, quando eu vejo que é um sinal que demora, aí dou uma olhadinha rápida.”

Ele acrescenta dizendo que a distração vale a vida. “Principalmente na moto, precisa de duas mãos. Acho que o simples fato de tirar uma mão do guidão já é motivo para levar multa. É uma coisa séria. Além da sua vida, tem a vida de outra pessoa também”, pontuou.

GPS é copiloto obrigatório que aumenta as multas e os riscos diários no trânsito
Luiz Carlos dá entrevista sobre o uso do GPS no trânsito (Foto: Osmar Veiga)

O motorista Luiz Carlos, de 30 anos, reconhece que não consegue trabalhar sem o GPS. “Sempre preciso usar o GPS, principalmente quando é para buscar passageiros, então acabo ficando dependente dele. Mas não costumo olhar outra coisa além do GPS, nem quando paro”, disse.

Já para quem tem mais tempo de rua, o comportamento costuma mudar. O motoboy Wender Silva, de 31 anos, diz que só usa o GPS em caso de necessidade. “Hoje, pelo fato de estar tanto tempo na categoria de motoboy, nem uso tanto. Mas para quem está no começo precisa muito do GPS”, explicou.

Apesar desses motoristas demonstrarem boa conduta e afirmarem que evitam manusear o celular em movimento, tornou-se comum observar nas ruas o contrário: condutores dirigindo enquanto mexem no aparelho.

A vendedora Camila Abda, de 24 anos, já presenciou situações assim. “Já aconteceu de mexerem em outros aplicativos quando estavam dirigindo. Acho perigoso e isso me preocupa. Vejo-os mexendo também quando estão parados no semáforo”, relatou.

O presidente da Applic/MS, Paulo Pinheiro, que conhece o dia a dia da profissão, diz que existe um aplicativo para driblar a situação.

“Geralmente, para evitar multa de radar, velocidade no semáforo, a galera baixa um aplicativo e deixa habilitado no celular. Assim que houver alguma situação de um guarda ou radar, ele gera alerta sonoro. O motorista é avisado no mesmo instante e deixa de manusear. Então é 100% seguro. Avisa onde tem guarda, onde pode gerar multa de velocidade”, orientou.

GPS é copiloto obrigatório que aumenta as multas e os riscos diários no trânsito
Arte: Lennon Almeida

Penalidade - Apesar das estratégias dos motoristas, o uso do celular durante a direção continua sendo um dos principais pontos de atenção para os órgãos de trânsito. O gerente especial de fiscalização e patrulhamento viário do Detran-MS, Rubem Ajala, reforça que qualquer manuseio deve ser feito somente com o veículo parado.

“A gente sempre fala que, quando vai usar o celular, deve parar o veículo e fazer o manuseio. A fiscalização de celular é como qualquer outra fiscalização nas vias urbanas. A penalidade é aplicada sem abordagem. Qualquer imobilização temporária no leito da via é proibida”, explicou.

Segundo Ajala, o uso indevido compromete diretamente a segurança. “Nós visualizamos bastante nas ruas. Isso compromete muito o trânsito. Quando se foca no celular, é visível que o motorista reduz ou aumenta a velocidade, atrapalhando o trânsito quando ele tira o olhar da pista”, alertou.

Quando questionado sobre o que pode e o que não pode com o uso do celular ao volante, ele é categórico: “Só existe o que não pode”.

Ele ainda explica que existem três tipos de infrações: utilizando o telefone celular, segurando o telefone celular e manuseando o telefone celular.

A primeira ocorre quando o telefone está fixado no suporte e o motorista passa a se concentrar no celular. No segundo caso, quando está com uma mão no volante e o celular na outra. No terceiro caso, quando o motorista está efetivamente mexendo no celular e dirigindo ao mesmo tempo.

Por estar utilizando o celular, a infração é média, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira. As outras duas são infrações gravíssimas, com multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira.

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Motociclista é visto pelo retrovisor de um carro, carregando um passageiro (Foto: Osmar Veiga)

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