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Capital

Após 2 abortos, mulher enfrenta burocracia para ter remédio garantido na Justiça

Enfermeira de 32 anos depende de doações e crédito para garantir tratamento que evita riscos de aborto

Por Ketlen Gomes | 10/06/2025 15:44
Após 2 abortos, mulher enfrenta burocracia para ter remédio garantido na Justiça
Mayara e Maicon estão à espera de Melissa e conseguiram medicamento na Justiça. (Foto: Divulgação Defensoria)

A enfermeira Mayara Brito Teixeira, de 32 anos, que conseguiu na Justiça a concessão imediata de medicamentos essenciais para manter a gravidez, relata que ainda não recebeu os remédios do Estado. Ela descobriu a gestação em dezembro do ano passado e, em janeiro, foi diagnosticada com trombofilia. As medicações que precisa usar custam, em média, R$ 2,1 mil por mês.

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Uma enfermeira de 32 anos, diagnosticada com trombofilia durante a gestação, aguarda há meses o fornecimento de medicamentos pelo Estado de Mato Grosso do Sul, mesmo após decisão judicial favorável. O tratamento, que custa aproximadamente R$ 2,1 mil mensais, é essencial para manter a gravidez. Mayara Brito Teixeira, que já sofreu dois abortos espontâneos, teve seu pedido inicial negado pela Casa da Saúde, pois seu tipo de trombofilia não está previsto no protocolo do SUS. Atualmente, ela depende de doações e parcelamentos no cartão de crédito para manter o tratamento necessário até o fornecimento dos medicamentos pelo Estado.

Diante do alto custo, Mayara e o marido, o engenheiro civil Maicon Aparecido Nunes de Andrade, também de 32 anos, recorreram à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul para conseguir os medicamentos. Apesar da decisão favorável, que obriga o Estado a fornecer imediatamente os remédios e garantir o tratamento até 45 dias após o parto, a enfermeira afirma que, até agora, não foi atendida.

Antes de buscar apoio jurídico, Mayara deu entrada no pedido pela Casa da Saúde, mas teve a solicitação negada porque o tipo de trombofilia que possui não está previsto no protocolo do SUS (Sistema Único de Saúde).

Após a decisão judicial, ela foi orientada a retornar à Casa da Saúde, onde foi informada de que a medicação estava em falta. Desde então, diz que tem procurado frequentemente a Defensoria Pública em busca de respostas.

“O juiz já deu [o parecer] que é para o Estado me fornecer, e o Estado não fornece. Está dificultando, e eu fui na Defensoria, e eles falaram que estão tentando”, desabafa.

Mayara foi diagnosticada com trombofilia associada à hiper-homocisteinemia, condição que aumenta a propensão à formação de coágulos sanguíneos, agravada por níveis elevados de homocisteína, um aminoácido tóxico para os vasos. A doença eleva o risco de trombose, embolia pulmonar e acidente vascular cerebral.

A jovem já sofreu dois abortos espontâneos e, atualmente, depende da ajuda de amigos, doações e parcelamentos no cartão de crédito para manter o tratamento nos primeiros meses da gestação. Um dos medicamentos é de custo acessível, mas o outro chega a R$ 2,1 mil mensais, valor inviável para o casal manter por conta própria.

“A gente fica até meio assim, porque diz respeito à vida. É uma vida que está aqui em risco e a medicação é importante para isso. E eles [o Estado] têm que acatar e fornecer a medicação. E aí eu fico sem, dependendo de tudo, porque a medicação é cara. Ou alguém empresta o cartão para eu comprar, ou eu tenho que me virar, ou acabo ficando sem mesmo”, relata.

A reportagem entrou em contato com a SES (Secretaria de Estado de Saúde), mas até a publicação da matéria não obteve resposta sobre o fornecimento do medicamento.

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