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“Descaramento dos envolvidos”: Gaeco destaca vídeo em que suspeita conta propina

Gravação faz parte da denúncia de operação contra fraudes em Água Clara

Por Aline dos Santos | 05/05/2025 08:38
“Descaramento dos envolvidos”: Gaeco destaca vídeo em que suspeita conta propina
Tatuagens, cicatriz e até lençol de bolinhas são provas contra servidora que contou dinheiro. (Foto: Reprodução)

A denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por fraudes na prefeitura de Água Clara, alvo da operação Malebolge, destaca episódio de 12 de junho de 2023, quando servidora pública grava vídeo onde conta R$ 18 mil em dinheiro vivo e coloca na cama. No documento enviado à Justiça, a promotoria reforça que o caso chamou atenção ante “o descaramento dos envolvidos”. O documento não tem o vídeo, mas prints da gravação.

RESUMO

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O Gaeco denunciou dez pessoas envolvidas em esquema de fraudes na prefeitura de Água Clara, Mato Grosso do Sul. Entre os episódios destacados, está um vídeo de junho de 2023, no qual uma servidora pública filma R$ 18 mil em propina recebidos do empresário Mauro Mayer da Silva. A investigação, denominada operação Malebolge, revelou crimes de organização criminosa, fraude à licitação, peculato e corrupção entre 2022 e 2025. O Ministério Público solicita indenização de R$ 22 milhões pelos prejuízos causados ao município e danos materiais coletivos.

Na ocasião, o denunciado Mauro Mayer da Silva (dono da Zellitec Comércio de Produtos Alimentícios, empresa que vencia os pregões com suspeita de fraude) foi contatado por uma funcionária da Caixa Econômica Federal. Ela o procurou porque tinha deficit de R$ 4.800 no fechamento do caixa e entrou em contato com clientes que fizeram saques de alto valor. A intenção era saber se ele tinha recebido mais dinheiro do que o solicitado.

O empresário respondeu que estava com R$ 13 mil e que tinha passado R$ 18 mil “pra frente”. Mas, frisou que a pessoa era de confiança e se houvesse mais dinheiro, ele formalizaria o saque.

“E essa pessoa era a denunciada Ana Carla Benette, que sem nenhum pudor gravou um vídeo contando a propina no valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) em dinheiro recebida de Mauro Mayer da Silva naquela ocasião”, aponta a denúncia.

“Descaramento dos envolvidos”: Gaeco destaca vídeo em que suspeita conta propina
Ana Carla gravou video mostrando as pilhas de dinheiro na cama. (Foto: Reprodução)

No dia seguinte, empresário encaminhou o vídeo da servidora abrindo o envelope lacrado e a contagem do dinheiro, sobre uma cama da casa dela, em 18 montes de R$ 1.000. “Filmando a propina recebida, em situação, no mínimo, extravagante”, ressalta o Gaeco.

Para identificar Ana Carla como autora do vídeo, a investigação destaca as tatuagens visíveis, cicatriz em uma das mãos, características do lençol do colchão (o tecido branco com estampa de bolinha verde aparece em selfie encaminhada por ela ao empresário) e a imagem da mulher de perfil.

“Em complementação, no celular de Mauro Mayer da Silva foram encontrados outros 3 (três) vídeos, gravados por Ana Benette antes dos enviados por Mauro ao contato da funcionária da Caixa, onde são mostradas a caixa onde o dinheiro foi acondicionado, o envelope e, por fim, dois maços de dinheiro”.

No dia da operação, em 18 de fevereiro deste ano, foram encontrados R$ 9 mil (em notas de R$ 100) na casa de Ana Carla, mas a servidora tem remuneração de cerca de R$ 4.500.

Esquema - Os denunciados são Adão Celestino Fernandes (administrador de empresas), Adriana Rosimeire Pastori Fini (ex-secretária de Educação), Ana Carla Benette (servidora pública), Denise Rodrigues Medis (ex- secretária de Finanças), Ícaro Luiz de Almeida Nascimento (empresário), Jânia Alfaro Socorro (servidora pública), Kamilla Zaine dos Reis Santos Oliveira (servidora pública), Leonardo Antônio Siqueira Machado (empresário), Mauro Mayer da Silva (empresário) e Valmir Deuzébio (comerciário).

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) também pede indenização de, no mínimo, R$ 22 milhões. Sendo metade pelos prejuízos ao município e os outros R$ 11 milhões por danos materiais coletivos.

Conforme o documento, restaram comprovados os crimes de organização criminosa, fraude à licitação, peculato (desvio de bens ou dinheiro público), corrupção passiva, corrupção ativa, falsidade documental e uso de documento falso. A situação perdurou de 2022 a 2025.

“Descaramento dos envolvidos”: Gaeco destaca vídeo em que suspeita conta propina
No dia da operação, Gaeco apreendeu R$ 9 mil na casa de Ana Carla. (Foto: Reprodução)

Nome da operação, Malebolge faz referência à obra "Divina Comédia", de Dante Alighieri, na qual os fraudadores e corruptos são punidos no inferno. A ação foi em parceria com o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção).

A reportagem entrou em contato com a defesa de Mauro Mayer da Silva na última terça-feira, que informou que não se manifestaria sobre a denúncia. O Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa dos demais citados.

No dia 20 de fevereiro, Mauro e Ana Carla foram ao Gaeco, mas diante dos promotores, optaram por permanecer em silêncio.

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