Edivaldo morreu atropelado e foi eternizado por amigos do pedal
Grupo de ciclistas fixou bicicleta branca no alto de um poste no cruzamento onde Edivaldo morreu
Um grupo de ciclistas de Dourados transformou a dor em ato de resistência e memória. No alto de um poste, no cruzamento das ruas Joaquim Teixeira Alves e Cider Cerzósimo de Souza, uma bicicleta branca enfeitada com girassóis foi fixada. O local foi o mesmo onde, no dia 22 de setembro, o ciclista Edivaldo Nunes Duarte, de 44 anos, perdeu a vida após ser atingido por um caminhão.
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O gesto, conhecido mundialmente como Ghost Bike, é ao mesmo tempo homenagem e protesto. Ao pintar a bicicleta de branco, os amigos de pedal quiseram impedir que a morte fosse esquecida e, sobretudo, cobrar mais segurança para quem se arrisca diariamente sobre duas rodas nas ruas de Dourados.
“Essa foi a quarta morte de ciclista no trânsito este ano. Para nós, foi como uma gota d’água. A gente precisava fazer algo para marcar, denunciar e também lavar um pouco a alma”, contou a ciclista Eblisa Mello, integrante de um coletivo de ciclistas que participou do ato.
A bicicleta usada no ato foi doada por uma bicicletaria e pintada coletivamente. Para os ciclistas, o gesto se tornou uma espécie de epitáfio. “Intencionamos que ali estaríamos fazendo um velório a céu aberto. Era a forma de dar um adeus simbólico ao Edivaldo e alertar sobre o risco que corremos todos os dias”, explicou.
Vizinha do cruzamento, uma moradora se emocionou com a homenagem. Segundo Eblisa, a mulher chegou a agradecer pelo gesto e revelou que ficou noites sem dormir após presenciar a cena do acidente. “Ela disse que sonhava com o rapaz pedindo água, todo ensanguentado. Foi muito forte”, relatou.
Para os companheiros de pedal, Edivaldo não deixou apenas lembranças entre conhecidos. A morte também virou símbolo de luta. “Eu passo todos os dias por aquela rua para ir ao trabalho e vou continuar vendo essa bicicleta branca. Até que haja uma mudança, ela vai estar lá lembrando que aquela via é perigosa. Esse ato é também um ato de resistência civil”, completou Eblisa.
A ideia é que a ação não seja isolada. O grupo pretende se unir para instalar mais bicicletas brancas sempre que houver vítimas do trânsito. “Se fosse só neste ano, já teríamos feito quatro”, lamentou a ciclista.
Com milhares de pessoas que utilizam a bicicleta em Dourados, seja para lazer, esporte ou como meio principal de transporte, o ato se torna ainda mais urgente. Para os ciclistas, é uma forma de dizer que Edivaldo partiu, mas sua memória permanecerá eternizada no asfalto da cidade, agora marcada pelo branco de uma bicicleta e pelo amarelo dos girassóis.
O acidente - Edivaldo voltava do trabalho quando foi atingido pelo caminhão no cruzamento do Jardim Clímax, a poucos metros de onde outro homem, um motociclista, também morreu atropelado.
O acidente ocorreu quando o motorista do caminhão fez uma conversão à direita e atingiu o ciclista, que morreu no local. Testemunhas informaram que o caminhão passou por cima de Edivaldo após a colisão.
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