Avicultura de MS avança e setor propõe criação de escola para formar mão de obra
Demanda por qualificação cresce com novos aviários, modernização das granjas e foco na sucessão de jovens

Os investimentos do Programa Frango Vida, que já destinou mais de R$ 66 milhões à retomada e expansão da avicultura em Mato Grosso do Sul, começam a produzir novos efeitos além do aumento da produção. Com a ampliação de aviários e a modernização das granjas, o setor agora enfrenta um desafio estratégico: a formação de mão de obra qualificada.
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Diante desse cenário, a Câmara Setorial da Avicultura e associações de produtores apresentaram ao governador Eduardo Riedel a proposta de criação de uma Escola Avícola, voltada à capacitação de trabalhadores e à formação de novos profissionais para o setor. A ideia foi entregue no último fim de semana, durante a Exposidrolândia, por dirigentes da Avimasul e da Avisidro.
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A proposta surge em um momento considerado decisivo para a avicultura sul-mato-grossense, impulsionada pelo ambiente favorável criado pelas políticas públicas estaduais, especialmente o PROAPE (Programa de Avanços da Pecuária), que inclui o incentivo Frango Vida. O programa estabelece critérios técnicos, ambientais e sanitários para acesso aos benefícios, estimulando a modernização da atividade e o reinvestimento produtivo.
Segundo o produtor Adroaldo Hoffmann, um dos articuladores da iniciativa, a escola nasce com foco na sucessão geracional e na permanência dos jovens no campo. “Em Sidrolândia já desenvolvemos um trabalho voltado à sucessão, com o envolvimento da associação local. Na Câmara Setorial, ampliamos esse incentivo aos jovens e daí surgiu a proposta de criar uma estrutura permanente de formação profissional”, explicou.
O projeto contou com apoio do Senar e teve como referência visitas técnicas ao aviário-escola de Assis Chateaubriand, no Paraná. A proposta foi debatida na Câmara Setorial e apresentada formalmente ao governador, acompanhada de um vídeo explicativo. Segundo Hoffmann, houve sinalização positiva do poder público. “Os deputados se comprometeram a destinar emendas de R$ 100 mil cada, e o prefeito também indicou a doação de R$ 100 mil. Com esses recursos, será possível construir e equipar o aviário-escola”, afirmou.
Produção cresce e exige qualificação
Grande parte do novo ciclo vivido pela avicultura estadual está ligada ao PROAPE, implantado em 2023. Atualmente, o programa soma 314 cadastros aprovados e contabiliza 159,2 milhões de aves abatidas no Estado.
De acordo com o gestor de avicultura da Semadesc, Rubens Mello, o Frango Vida vai além do incentivo financeiro. “Para acessar o programa, o produtor precisa cumprir requisitos ambientais, sanitários e estruturais. Isso eleva o padrão da atividade, fortalece a segurança alimentar e dá sustentabilidade à cadeia produtiva”, explicou.
Esse ambiente de previsibilidade, segundo o setor, tem sido determinante para estimular investimentos e a permanência dos jovens na atividade. “Quando o produtor consegue planejar, resolver gargalos sanitários e ambientais, muda a forma de enxergar o negócio. Isso gera confiança e abre espaço para novas ideias, como o aviário-escola”, avaliou Hoffmann.
Sidrolândia no centro da avicultura
Hoje, Sidrolândia se consolida como o maior polo produtor de aves de Mato Grosso do Sul, com produção diária estimada em 210 mil frangos. Somado ao polo de Dourados, o Estado registra cerca de 500 mil aves abatidas por mês, o que representa aproximadamente 180 milhões de aves por ano.
Para os produtores, a criação da escola avícola pode marcar uma virada no setor. “Atualmente, cerca de 90% dos trabalhadores aprendem na prática, dentro das empresas. A formação profissional estruturada é um dos grandes gargalos da avicultura, e essa iniciativa vem justamente para preencher essa lacuna”, destacou Hoffmann.
Ao incentivar a modernização, a qualificação profissional e a sucessão familiar, o Frango Vida consolida a avicultura como uma das atividades estratégicas para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul, com impactos diretos na geração de renda, emprego e fixação do jovem no campo.

