Arthur faz pintura em aquarela sobre as poesias de Manoel de Barros
De São Paulo, Arthur diz que Manoel de Barros é um dos seus escritores favoritos
O artista paulista Arthur Grangeia utiliza livros de Manoel de Barros como suporte para suas aquarelas. Nas páginas impressas, os poemas ganham traços e cores que formam uma nova leitura visual da obra.
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“Eu não pinto só para ser uma peça bonita. O conteúdo do livro é a coisa mais importante pra mim. Pinto nos livros como forma de incentivar novos leitores, e se da minha pintura surgirem novos leitores, eu vou estar super feliz”, explica o artista, que cresceu cercado de literatura graças ao incentivo da mãe, e que transformou essa paixão em trabalho.
Entre tantos autores brasileiros, ele diz que Manoel de Barros ocupa lugar especial no coração do artista. “Ele é o meu poeta brasileiro favorito, junto com Fernando Pessoa. O Manoel fala do quintal dele de uma forma tão verdadeira que consegue se conectar com pessoas do mundo inteiro”, analisa.
A primeira obra de Arthur inspirada em Manoel nasceu há cerca de quatro anos, sobre o livro ‘Meu quintal é maior que o mundo’. A onça pintada, aves e insetos coloridos surgem sobre as páginas abertas,
Outro trabalho é a aquarela feita sobre o ‘Livro sobre o nada’. Nele, pássaros e jandaias se dissolvem nas palavras impressas, em uma junção de tinta e poesia.
De acordo com o artista, o processo é lento e começa com a leitura atenta das obras e busca pela paisagem que melhor traduz o texto. O livro, aberto sobre a mesa, se torna suporte.
Arthur explica que as primeiras camadas são de aquarela, pela transparência que permite às palavras sobreviverem sob as cores. Depois, ele adiciona giz oleoso para dar textura e acabamento. Por fim, a obra vai para uma caixa de acrílico.
“A ideia é despertar a curiosidade do que está escrito ali atrás. A tinta se funde com a palavra, mas o livro nunca desaparece”, afirma. Além de Manoel, o artista já fez quadros sobre as páginas de Machado de Assis, Jorge Amado, João Guimarães Rosa e Galvez.
A reação do público costuma ser de surpresa. Muitos tentam ler o texto sob a pintura e, ao descobrir que é um livro, até se sentem motivados a buscar a obra original. “Já aconteceu de pessoas que não compraram minha arte, mas foram à livraria e compraram o livro. Para mim, isso é o que mais importa”, avalia.
Cercado por livros desde menino, Arthur lembra que, ainda criança, pintava pedras, rabiscava em tudo e nutria paixão pela leitura. “Eu sempre tive essa relação de desenho e dos livros. Sempre gostei muito”, conta.
Mais tarde,Arthur se formou em Arquitetura, mas nunca abandonou os pincéis. Segundo ele, o vínculo entre arte e literatura também virou atuação social. Junto de amigos, ele fundou a ONG Pede Saber, que incentiva a leitura em comunidades carentes.
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