Concorrido em leilão, Corsa de R$ 3,5 mil foi arrematado por quase 3 vezes mais

Carro simples e um pouco antigo, com lance inicial de R$ 3,5 mil, foi arrematado por R$ 9,3 mil em leilão realizado pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). O bem vendido por quase três vezes mais, escancara uma realidade cada vez mais comum em Mato Grosso do Sul: a disputa acirrada por veículos em leilões públicos.

Segundo o órgão, entre janeiro e junho de 2024, foram ofertados 714 carros e 2.815 motocicletas para leilão, enquanto no mesmo período de 2025, foram 1.397 carros e 3.296 motocicletas. Aumento de 95,6% e 17%, respectivamente.

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Ainda de acordo com o Detran, com a realização periódica de leilões e a chegada de novos veículos recolhidos aos pátios, sejam eles credenciados ou de agências do interior, estima-se a existência de 16 mil veículos nos pátios do Estado. O número leva em consideração a retirada de veículos pelos seus proprietários dentro do prazo.

No leilão encerrado nesta terça-feira (22), na categoria veículos de circulação, foram 90 lotes, sendo 81 motocicletas e nove automóveis, que estavam disponíveis para qualquer pessoa física ou jurídica.

O destaque foi um Chevrolet Corsa Classic, ano 2002/2003, com lance inicial de R$ 3.545. Até às 10h30 (horário de MS), o veículo havia sido arrematado por R$ 9.345, após receber um total de 20 lances.

Um Fiat Uno, ano 2010, começou com lance inicial de R$ 5.198 e foi arrematado por R$ 9.998, com 17 lances. Já um Corsa Wind, ano 1995/1996, teve lance inicial de R$ 2.291 e foi arrematado por R$ 4.291, após 11 lances. Um Gol 1.6, ano 2000, iniciou com lance de R$ 3.139 e foi levado por R$ 7.539, após 11 lances.

A motocicleta Honda CG 150 Fan, ano 2010, começou com lance de R$ 2.309 e foi arrematada por R$ 4.709, com 13 lances. Também foi leiloada uma Honda CG 160 Start, ano 2023, cujo lance mínimo era de R$ 3.975 e foi arrematada por R$ 7.575, após 15 lances. Já uma Honda Biz 125, ano 2012, partiu de R$ 2.640 para R$ 4.840, com um total de 12 lances.

Entenda como funciona – Conforme explica o leiloeiro oficial de Mato Grosso do Sul, por meio da Tenório Leilões, Luís Guilherme Tenório, o primeiro passo é captar os bens dos órgãos públicos, instituições financeiras, seguradoras ou empresas privadas. Depois, começa a análise de documentos para assegurar que o bem esteja regular e apto a ser leiloado.

Os veículos são avaliados individualmente, estabelecido o valor conforme a tabela Fipe, e o deságio aplicado em cada caso de forma detalhada.

No caso de leilões pelo Detran, os leiloeiros credenciados e aptos, são escolhidos por sorteio realizado pelo próprio órgão. Na sequência, é feita uma vistoria técnica para avaliar o estado de conservação e levantar informações relevantes.

Depois, os veículos são fotografados, catalogados pelo pátio credenciado e feita a descrição. Tudo com supervisão do leiloeiro responsável.

Feito todo esse processo, é publicado o edital do leilão, que estabelece as regras, prazos e condições de venda. Para participar, os arrematantes fazem seu cadastro no site do leilão da vez e se habilitam no leilão que deseja participar.

Então, abre-se o período de visitação presencial, e, por fim, ocorre o leilão de forma on-line, presencial ou no formato híbrido. O maior lance válido vence.

Podem ser realizados leilões judiciais, que são provenientes de determinações do Poder Judiciário; e leilões extrajudiciais, por iniciativa de credores, empresas, instituições financeiras ou pessoas físicas.

Entre o recebimento dos lotes até a ida ao leilão, no caso do Detran, o prazo fica entre 7 e 30 dias. “Esse período é necessário para garantir o cumprimento das etapas legais e técnicas que asseguram a regularidade do processo. Após o encerramento do leilão e o arremate do bem, o comprador recebe as orientações para pagamento. Após a quitação do valor do lote e da comissão do leiloeiro, a Tenório Leilões emite a nota de venda. O bem é então liberado para retirada, respeitando o prazo estabelecido”, explicou Tenório.

Já a transferência para o nome do arrematante ocorre conforme os trâmites administrativos descritos em edital. Os veículos provenientes do Detran/MS, são transferidos aos arrematantes sem débitos de multas, licenciamento, IPVA, financiamento, ou bloqueios judiciais, registrados até a data do encerramento do leilão.

O Detran complemente que o veículo que vai a leilão, é removido ao pátio com um documento oficial chamado ARV (Auto de Recolhimento Veicular). Neste documento, o condutor ou o proprietário ficam cientes do prazo de 60 dias estipulado em lei para ser leiloado.

Passado 30 dias, ainda dentro desse prazo, é publicado um edital de notificação de retirada de veículo, sendo a última notificação antes da disposição para leilão. Após os 60 dias, o veículo já é preparado, avaliado e loteado para ser leiloado.

Quem pode participar ? - Com base na Lei nº 8.666/1993 e na nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021), algumas pessoas físicas e jurídicas estão impedidas de participar dos leilões promovidos pelo Detran-MS. São servidores públicos, em especial os vinculados ao órgão responsável pelo leilão. A vedação também se estende a seus parentes até o segundo grau.

“A regra busca evitar favorecimentos indevidos e assegurar a imparcialidade do processo. As restrições visam garantir a legalidade, transparência e evitar conflitos de interesse nos certames. Vale lembrar que as vedações, bem como todas as informações referentes ao certame (leilão) sempre constam nos editais”, disse o Detran.

Ainda conforme o Departamento de Trânsito, a Resolução Contran nº 623/2016, estabelece procedimentos para a realização do leilão dos veículos em três categorias:

• Leilão de circulação – pessoas físicas e jurídicas podem participar e ofertar lances;
• Leilão de sucata aproveitável – Apenas pessoas jurídicas na área de desmonte veicular credenciadas ao seu Detran de origem podem participar;
• Leilão de sucata inservível – Apenas pessoas jurídicas que atuam no ramo de siderurgia, fundição ou reciclagem.

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